O Sr. César de Oliveira (UEDS): - É que V. Ex.ª põe isso em termos tão simplistas que a sua conclusão lógica é a seguinte: todos aqueles que não são arruaceiros, desestabilizadores ou criminosos não podem criticar, têm que aceitar sempre, sem juízo crítico, a actuação da polícia.

O discurso de V. Ex.ª leva a esta conclusão lógica.

O Sr. Carlos Robalo (CDS): - Essa lógica não é aristotética!

O Sr. Mário Tomé (UDP): - Como a polícia dá porrada nos trabalhadores, eles não gostam da polícia!

ue realmente me quero inserir no verdadeiro Estado de direito - para que eu não aceite as acusações formuladas nesse sentido.

Para mim, logo de princípio, essas acusações mereces uma dúvida muito forte quanto à razão que está subjacente às mesmas.

Finalmente, V. Ex.ª disse que da minha intervenção se podia concluir que para mim o Governo é bom em tudo.

Sr. Deputado, dir-lhe-ei que não é inteiramente assim. Simplesmente, neste caso concreto, não vejo onde se possam realmente concretizar culpas e acusações ao Governo.

Dir-lhe-ei que o Governo, para mim, não é bom em tudo, mas também lhe quero dizer -e isso tem-me impressionado fortemente ao assistir aos debates neste Parlamento, em que, como V. Ex.ª certamente tem notado, não sou muitas vezes levado por impulsos interventivos, serei até talvez daqueles que menos os têm, pelo menos por agora, pois estou aqui há 6 anos e noutros tempos não foi esta a minha atitude - que não subscrevo a atitude das oposições para quem tudo o que o Governo faz é mau. Não compreendo esta atitude e por vezes choco-me de sobremaneira com isso.

O Sr. Mário Tomé (UDP): - A culpa é do Governo!

O Orador: - O Sr. Deputado Lopes Cardoso diz que eu ilibo os comandos da polícia porque eles não estavam no local dos acontecimentos. Se bem interpretei o esclarecimento que V. Ex.ª me pede, esta afirmação não é exacta. O que eu digo, Sr. Deputado -e V. Ex.ª vai aceitar sem esforço- é que pode acontecer que os agentes prevaricadores, e o inquérito denunciará se os houve, tenham agido sponte sua, ou seja, por sua livre iniciativa, independentemente das ordens e dos comandos superiores que teriam à partida.

Pode ter acontecido isto e para mim tal é suficiente para conceder o benefício da dúvida aos comandos.

Sr. Deputado Lopes Cardoso, quero acreditar que V. Ex.ª está ao meu lado neste raciocínio.

O Sr. Mário Tomé (UDP): - Mesmo assim os comandos são responsáveis!

O Orador: - Sr. Deputado Mário Tomé, certamente que V. Ex.ª deseja pedir-me algum esclarecimento, a que eu terei muito prazer em responder, mas não agora.

O Sr. Mário Tomé (UDP): - Dá-me licença, Sr. Deputado.

O Orador: - Agora não, Sr. Deputado. Estou a responder ao Sr. Deputado Lopes Cardoso.

O Sr. Deputado Lopes Cardoso referiu ainda que eu afirmei aqui que não foi a Polícia de Intervenção que disparou.

Mas para V. Ex.ª ser preciso - e julgo que terá essa preocupação- deverá acrescentar que esta afirmação foi feita por mim sob reserva. Declarei-o expressamente e, mais do que isso, declarei ainda que as nossas conclusões definitivas seriam fixadas após os resultados do inquérito, que certamente nos vai merecer, acredite, juízos críticos mais certos, mais seguros e mais minuciosos.

Apoiamos do CDS e de alguns deputados do PSD.

Durante a intervenção reassumiu a presidência o Sr. Presidente Oliveira Dias.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, estamos no limite do nosso tempo.

Ficam inscritos a Sr.ª Deputada Ilda Figueiredo, para pedir esclarecimentos, o Sr. Deputado Lopes Cardoso, para protestar, e vários senhores deputados para produzirem intervenções.

Vamos fazer agora o nosso intervalo para almoço, permitindo-me chamar a atenção de VV. Ex.as para o facto de a nossa agenda de hoje ser muito sobrecarregada e, portanto, solicitando a pontualidade dos senhores deputados.

Está suspensa a sessão.

Eram 13 horas.

O Sr. Presidente: - Está reaberta a sessão. Eram 15 horas e 30 minutos.

O Sr. Presidente: - Para formular pedidos de esclarecimento, tem a palavra a Sr." Deputada Ilda Figueiredo.

A Sr.ª Ilda Figueiredo (PCP): - Sr. Deputado Pinto da Cruz, a intervenção que V. Ex.ª há pouco proferiu suscitou-me alguns comentários e também algumas questões. Assim, gostaria de lhe colocar a seguinte questão: creio que o Sr. Deputado ainda não compreendeu bem a posição em que nos colocamos em relação a este problema, nomeadamente quanto à reali-