fraternalmente assumindo as responsabilidades de estar na vida, sendo comunista.

Com uma voz belíssima, alta, de belo timbre, bem colocada, era a um tempo o lirismo e a dramaticidade da nossa própria circunstância que vinha bater-nos à porta e que andava connosco, de rua em rua, a fazer Abril antes de Abril o ser,

íntimo, lhano, profundamente aberto, capaz das amizades mais sólidas, capaz, do mesmo modo, de assumir perante os outros o cunho indelével da compreensão, era, no entanto, o homem que estava sempre no lugar certo quando era preciso que estivesse no lugar certo.

Não queria, Sr. Presidente e Srs. Deputados, que esta minha intervenção, em nome de bancada do Partido Comunista Português, que é uma intervenção de saudade, de profunda mágoa, fosse tida como uma última canção com lágrimas daqui a depor-se na tumba do Adriano.

Gostaria que, antes de mais, ela fosse, através da minha voz embargada, um pouco o que foram as cordas da chuva, as flores e as trovas que estiveram em Avintes na hora do seu funeral. Ou seja, um sinal vivo de presença, um sinal de quem assume o testemunho daqui deste lado da luta, um sinal de quem vai percorrer o mesmo transcurso para a senda de melhores dias que foi, ao cabo e ao resto, um elemento vitalizante da existência do Adriano Correia de Oliveira.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Muito bem!

O Orador: - Por isso esta bancada, profundamente atingida com a morte inesperada e trágica que ocorreu a um querido amigo, a um fraterno companheiro, não pode neste momento deixar de entender que as palavras que produz sejam as de uma página sentida, mas também confiante no novo canto, aquele que Adriano, um pouco por toda a parte, produzia e que se destinava a abrir o sol claro das férteis cidades do amanhã.

Nestes baços dias, Sr. Presidente e Srs. Deputados, assumimos como nossa responsabilidade não apenas a dor que nos é legítima, mas a circunstância de termos que levar o facho da esperança e da espantosa dignidade do Adriano onde ele tem que ser levado: à meta definitiva para que apontam os cravos de uma madrugada de Abril que ele ajudou a fazer, ou seja, os da mais alta dignidade humana, os da mais alta e profunda inteligência do canto, os da mais completa e aberta renovação das coisas para melhor transformar o mundo.

Aplausos do PCP, do PSD, do PS, do PPM, da ASDI, da UEDS, do MDP/CDE, da UDP e de alguns senhores deputados do CDS.

O Sr. Guerreiro Norte (PSD): - Sr. Presidente, se me é permitido, gostaria de me associar pessoalmente à homenagem que está a ser prestada a Adriano Correia de Oliveira.

O Sr. Presidente: - Faça favor. Sr. Deputado.

Aplausos do PSD, do PS, do PCP, do PPM, da ASDI, da UEDS, do MDP/CDE e da UDP.

O Sr. António Moniz (PPM): - Sr. Presidente, peço também a palavra para me associar às palavras ditas por outros senhores deputados.

O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. António Moniz (PPM): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Fui colega ao Adriano Correia de Oliveira e foi com ele que comecei a tocar guitarra. Acompanhei-o muitas vezes em serenatas e devo dizer que foi na modéstia dos quartos de estudantes que começou a ser feita a renovação da música de Coimbra.

Embora muitas vezes tivéssemos opiniões diferentes, o Adriano era um personalista, era um homem que amava o outro homem e que punha os valores fundamentais, a fraternidade e a amizade acima de tudo.

A esse homem, que além de grande artista e que desapareceu, o PPM deixa aqui a sua homenagem.

Aplausos do PPM, do PSD, do PS, do PCP, da ASDI, da UEDS, do MDP/CDE e da UDP.

O Sr. Presidente: - Creio responder ao sentimento da Assembleia, concedendo a palavra aos Srs. Deputados que a pediram para homenagear o nosso correligionário que faleceu recentemente.

Tem a palavra o Sr. Deputado Mário Tomé.

Aplausos do PS, do PCP, da ASDI, da UEDS, MDP/CDE e de alguns senhores deputados do PSD.

O Sr. Presidente: - Tem agora a palavra o Sr. Deputado António Taborda.