O Sr. Presidente: - Inscreveram-se, suponho que para protestar, os Srs. Deputados Santana Lopes, Mário Tomé, António Calhordas e Carlos Brito.

Tem V. Ex.ª a palavra, Sr. Deputado Santana Lopes.

O Sr. Santa Lopes (PSD): - Sr. Deputado César de Oliveira, não posso deixar de formular um protesto em relação às considerações que fez acerca do candidato presidencial apoiado pela Aliança Democrática e das consequências que teria tido, em termos de regime democrático, uma vitória desse candidato.

E o meu protesto só não ê muito veemente porque tenho a certeza de que, quer o Sr. Deputado César de Oliveira quer muitos outros, já hoje seguramente torcerão a orelha e lá no seu íntimo pensarão que não seria bem assim. Isto é, que se esse candidato, ou talvez outro, tivesse sido eleito e, no caso concreto, o General Soares Carneiro não teria sido eleito neste mandato pela Aliança Democrática para no seguinte ser eleito contra a Aliança Democrática; não teria sido eleito com base na confiança manifestada por partidos para posteriormente vir a falar contra esses partidos, não teria sido eleito em nome da democracia para a seguir vir criticar quem governa e quem pretende ser alternativa.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Estou certo de que lá no íntimo de quem esperou outras coisas do actual Presidente da República já não estará muito seguro o sentimento de que as coisas seriam desse modo. E mais lhe digo, Sr. Deputado César de Oliveira, que não faço esta afirmação nem assumimos esta posição por estarmos despeitados pela vitória de quem não foi o nosso candidato, até porque quanto mais não seja - e não fossem os males que isso causa ao país- conforta-nos a dignidade de quem perdeu em comparação com o modo como utilizou a vitória quem ganhou.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado César de Oliveira, para contraprotestar, se assim o entender.

O Sr. César de Oliveira (UEDS): - O Sr. Deputado conforte-se como quiser, o problema é seu!

Não sabia que agora V. Ex.ª, além de outras, tem a qualidade rara de ler no íntimo!

A UEDS nunca esperou nada do General Ramalho Eanes. Se houver quem esperou, o problema não é nosso. A quem servir, que enfie a carapuça...!

Mas devo dizer-lhe, Sr. Deputado, que é estranho que venha aqui fazer a apologia de um candidato que, segundo V. Ex.ª, teria sido eleito em nome da democracia, que numa das suas primeiras afirmações disse que se os resultados das eleições legislativas de 5 de Outubro, fossem desfavoráveis à AD a primeira coisa que fazia era dissolver a Assembleia da República!

Afinal, que democracia era a do General Soares Carneiro?

O Sr. Santana Lopes (PSD): - Dá-me licença que o interrompa Sr. Deputado?

O Orador: - Faça favor!

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Deputado, como é tão do gosto do' seu colega de bancada Deputado Silva Marques, eu baseio-me e trabalho sobre factos, não trabalho sobre hipóteses, trabalho sobre declarações concretas e não sobre aquelas que foram proferidas em nome de ou trem.

O Sr. Presidente: - Também para um protesto, tem a palavra o Sr. Deputado Mário Tomé.

O Sr. Mário Tomé (UDP): - O Sr. Deputado César de Oliveira interpretou mal as minhas palavras.

Eu disse que a posição em que nos devemos colocar é a que os trabalhadores têm, ou seja, eles reivindicam a demissão do Governo AD.

Se o Sr. Deputado não acha isso, não sabe em que movimento está inserido. No entanto, o Sr. Deputado apoiou as greves gerais que exigiram a demissão deste Governo.

E quero dizer-lhe mais, Sr. Deputado: o que reforça a direita revanchista não são as posições da UDP, são as posições que amarram o movimento operário popular à expectativa perante o General Eanes ou perante aquilo que sairá desta Assembleia ou das chamadas instituições democráticas, que a única coisa que têm feito tem sido permitir o reforço da direita revanchista. Tem sido a coberto destas instituições que se tem reforçado a AD, que se tem reforçado a direita reaccionária.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado César de Oliveira.

O Sr. Mário Tomé (UDP): - Dá-me licença que o interrompa, Sr. Deputado?

O Orador: - Faz favor.

O Sr. Mário Tomé (UDP): - Sr. Deputado, a questão