Aplausos do PS, do PCP, da UEDS, do MDP/CDE, da UDP e da Sr.ª Deputada Natália Carreira, do PSD.
Percebemos nesta altura, Sr. Deputado Oliveira Dias, que. na verdade, a nossa bancada veja a mulher apenas como procriadora e mais nada.
O Sr. César de Oliveira (UEDS): - Muito bem!
A Oradora: - A terceira questão é a seguinte: V. Ex.ª defende, e eu respeito a sua opinião, que a vida começa no acto conceptivo ou, pelo menos, na união do espermatozóide e do óvulo. Então pergunto-lhe, pois foi uma coisa que sempre me espantou: como é que um aborto espontâneo, um feto. portanto, não tem enterro religioso. Será que a vida que esse feto em princípio tinha não e considerada pela própria Igreja para se lhe poder dar honras de enterro religioso como um nado-morto?
Vozes do PS, PCP e da UEDS: - Muito bem!
O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Brito.
O Sr. Carlos Brito (PCP): - Nesta altura, muitas das perguntas que havia a fazer ao Sr. Deputado Oliveira Dias estão feitas.
Em todo o caso. Sr. Deputado, gostava de lhe significar que esta é uma Assembleia política e que as decisões que aqui (ornamos assentam nesta natureza de Assembleia política, que é a Assembleia da República. Naturalmente que as decisões políticas têm de ter suporte na ciência e na técnica. O Sr. Deputado abusou da sua qualidade de médico para induzir a Assembleia a conclusões que a ciência, de maneira nenhuma, lhe consente.
Vozes do PCP: - Muito bem!
O Orador: - Creio que, politicamente, isto não é correcto e que eticamente também o não e.
Não sou médico, na minha bancada estão a intervir deputados que também o não são. intervindo também deputados que o são, mas todos nós temos uma certa informação acerca da maneira como estas questões são hoje abordadas em diferentes países do mundo. Por isso mesmo estamos aqui, e estamos aqui numa atitude responsável.
A injustiça. Sr. Deputado Oliveira Dias. manifesta-se de muitas formas e muitas vezes invocando a ciência. Creio que foi o que o Sr. Deputado fez.
Vozes do PCP: - Muito bem!
O Orador: - Como muitas perguntas já foram feitas. queria apenas fazer uma pergunta final, muito precisa e muito concreta: depois de o ouvir fiquei com a convicção de que o Sr. Deputado não está só contra os nossos projectos, e também contra o projecto do PSD em matéria de planeamento familiar, mas contra toda a legislação nesta matéria - planeamento familiar e educação sexual. Será assim? O CDS é contra toda e qualquer legislação nesta matéria?
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Octávio Cunha.
O Sr. Octávio Cunha (UEDS): - Sr. Dr. Oliveira Dias, V. Ex.ª trouxe-nos aqui um discurso embrulhado num pretensioso rigor científico, um discurso medieval...
Protestos do CDS.
Vozes da UEDS: - Muito bem!
O Orador: - V. Ex.ª trouxe-nos aqui o discurso do Cardeal Spellman, que mandava matar os vietnamitas, em oposição ao discurso de D. Helder que no Brasil trata dos pobres e dos pobres e dos esfomeados e propõe a vida.
Aplausos da UEDS, do PS, do PCP e do MDP/CDE.
Ao ouvi-lo, autorizo-me até, embora seja um homem que não crê em Deus mas que acredita nos homens, dizer-lhe que V. Ex.ª trouxe aqui o discurso da intolerância que se opõe à intolerância de Cristo.
Vozes da UEDS, do PS, do PCP e do MDP/CDE: - Muito bem!
O Sr. Américo de Sá (CDS): - Que religioso!
O Orador: - O seu discurso é um discurso velho. O Sr. Deputado já não é deste tempo! E não basta embrulhar as coisas velhas de cientifismo para elas se tomarem verdadeiras.
Vozes da UEDS, do PS, do PCP e do MDP/CDE: - Muito bem!