metafísica mas, já que entrámos por aí, não há mal nisso.

Vozes do PCP e da UEDS: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Larcher Nunes, tem a palavra para responder.

O Sr. Larcher Nunes (CDS): - Sr. Presidente e Srs. Deputados, em relação às questões que me foram postas, eu, dentro da exiguidade do tempo, responderei em conjunto.

A Sr.ª Zita Seabra (PCP): - 14 minutos é exíguo?

O Orador: - A primeira das questões que gostaria de pôr, como problema de fundo e em resposta ao Sr. Deputado Octávio Cunha, ê a de que há verdades e princípios que são de todos os tempos.

Vozes do CDS: - Muito bem!

O Orador: - Não são dos velhos nem dos novos; são de todos.

Vozes do CDS: - Muito bem!

O Orador: - Não sei com que juventude o Sr. Deputado Octávio Cunha convive. Mas conheço aquela com que convivo.

Aplausos do CDS.

E aquela com quem convivo ainda tem dignidade para defender os princípios intemporais.

Aplausos do CDS.

Vozes do CDS: - Aprendam!

O Orador: - Falou também na questão do cordão umbilical e se isso não implicaria a pertença da nova vida à mãe. Não, Sr. Deputado Octávio Cunha. Como é óbvio de ver não implica a pertença; implica apenas uma ligação, uma dependência que não destrói a existência de um ser autónomo, de um ser que realmente tem vida e sente.

Vozes do CDS: - Não percebem!

O Orador: - Também referiu o sorriso. Talvez o sorriso não tenha o mesmo significado para o Sr. Deputado que tem para mim.

Risos gerais.

Em relação à Sr.ª Deputada Natália Correia e à questão menos jocosa ou que, apesar de jocosa, tinha algum fundamento - o da personalidade jurídica no Código Civil -, devo dizer o seguinte: julgo que devemos encarar as leis segundo os princípios, nomeadamente aqueles que resultam da ciência que pode ser aqui indicadora.

Para mim, não me preocupa que existam códigos civis que consagrem ou não. Importa-me a realidade, mais do que o Direito comparado.

Vozes do CDS: - Muito bem!

Protestos do PS, do PCP e da UEDS.

O Sr. Deputado Laranjeira Vaz perguntava-me se a vida era em acto ou em potência. Julgo que fui claro quando disse que era vida de acto e vida de potência.

E já que o Sr. Deputado me corrigiu - o que agradeço - quanto ao tempo da fala, gostaria também de lhe dizer que Santo Agostinho não escreveu nenhuma Suma Teológica!

Risos do CDS, do PSD e do PPM.

O Sr. Deputado Calhordas perguntou-me se eu era médico. Não sou médico. Mas não é preciso sê-lo para saber que a Ordem dos Médicos existe precisamente para representar os médicos.

Aplausos do CDS e do PPM.

Protestos do PS, do PCP, da UEDS e do MDP/CDE.

O Sr. António Calhordas (MDP/CDE): - Dá-me licença, Sr. Presidente?

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado António Calhordas pede a palavra para que efeito?

O Sr. António Calhordas (MDP/CDE): - Para um contraprotesto, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - V. Ex.ª pode usar agora a figura do protesto. Pediu esclarecimentos e eles foram-lhe dados. A figura regimental adequada é, portanto, o protesto.

Faça o favor, Sr. Deputado.

O Sr. António Calhordas (MDP/CDE): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Protesto porque fiz uma segunda pergunta ao Sr. Deputado e não obtive resposta. Gostava, pois. que o Sr. Deputado me respondesse.

O Sr. Presidente: - Para contraprotestar, tem a palavra o Sr. Deputado Larcher Nunes.

O Sr. Larcher Nunes (CDS): - Sr. Deputado, não lhe direi que não respondo por ser metafísico (como ouvi das bancadas aqui do lado) porque, para mim. a metafísica é um problema que deve ser abordado.

Responder-lhe-ei que, tal como já disse, não sou médico, pelo que terei de estudar o problema. Mas depois de o estudar direi decididamente ao Sr. Deputado, com o fundamento científico, aquilo que penso.

Risos e protestos do PS, do PCP e da UEDS.

O Sr. Presidente: - Para formular um protesto, tem a palavra o Sr. Deputado Laranjeira Vaz. Dispõe de l minuto.

O Sr. Laranjeira Vaz (PS): - Sr. Presidente, protesto visto que coloquei duas questões ao Sr. Deputado Larcher Nunes e ele não me respondeu. A primeira era no sentido de saber o que é que ele pensava sobre o desenvolvimento psicológico da criança nos dois primeiros anos de vida relacionando-o com a separação e vinculação e sobre o desenvolvimento da criança no caso de os pais serem portadores de moisaicismo; a segunda, se alguma vez já viu o sofrimento de uma mulher e da sua família numa questão de aborto.