do Estado vendo nele a raiz de todos os males- de peito feito para o reduzir à sua dimensão não lucrativa, uma vez mais devotos de S. Reagan ou de Nossa Senhora Tatcher, neodis-postos a regressar aos tempos do famoso requisitório de Ripert: «Que o Estado assegure a ordem e a iniciativa privada fará o resto»?

Que continuemos a querer rever a Constituição, apesar de revista, e a tentar obter por ínvios caminhos o equivalente ao que nela em vão se tentou consagrar, ou seja a substituição do regime de economia mista -pública e privada- por um regime de exclusiva economia de mercado e de total liberalização da iniciativa privada?

Que por isso continuemos a tentar regular o sistema produtivo, e em geral os circuitos económicos, apenas por métodos monetaristas e financeiros, assim ao jeito de uma divindade distante que, definido o bem e o mal, concede aos agentes económicos o livre arbítrio de cada escolha?

Que, citando uma vez mais Voltaire, «depois disto ainda tenhamos a ousadia de troçar dos lapões, dos salmoeidas e dos pretos»?

Volto ao princípio: é isto, e o mais conexo, o que mais nos convém? É nisto que cada um -empresário ou trabalhador - encontra a solução dos seus problemas? É nisto que o cidadão comum encontra bálsamo para as suas angústias? É nisto que a AD encontra base para a sua teima? É nisto que o Sr. Primeiro-Ministro encontra motivos para o seu agrado?

A AD falta razão, mas não falta coerência. É de direita, partilha soluções de direita.

O Sr. António Arnaut (PS): - Muito bem!

O Orador: - É liberal, perfilha soluções liberais. É conservadora, perfilha soluções conservadoras.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Propôs que a lei de revisão abrisse as portas à transferência da propriedade pública ou da gestão de empresas públicas para entidades privadas e continua a lutar por isso.

De onde esta conclusão: não basta ter garantias de defesa do sector empresarial do Estado na Constituição; são necessárias garantias de não ter a AD, no Governo.

Aplausos do PS e da UEDS.

às evidências do passado!

Não há então solução como deveríamos talvez concluir depois de aqui termos ouvido o discurso de braços caídos do Sr. Ministro das Finanças? É proibida a esperança?

Há soluções e há que não perder a esperança.

Basta mudar de maioria, de governo, de política, de programa, de discurso.

Voz do PS: - Muito bem!

O Orador: - Nem Estado-Providência nem Estado-Pôncio Pilatos.

Nem o ataque à iniciativa pública nem à iniciativa privada. A defesa e a cooperação de ambas.

O regresso à verdade do após-guerra: «O emprego é mais importante que a moeda.»

Um plano coordenado de investimentos públicos e privados dirigidos à criação de emprego, concebido não só como factor de riqueza, mas também como forma da sua distribuição!

Programas de emergência negociados, num vasto plano de concertação social, designadamente nas áreas do combate à dívida externa, da produção de alimentos e da energia.

Um diálogo aberto e leal com os trabalhadores e os cidadãos em geral mobilizador das prodigiosas energias humanas do nosso povo. É imperioso despertar as reacções saudáveis da comunidade e convencer os cidadãos de que, em muitos aspectos, há que mudar de vida e não apenas de governo. Os agentes económicos, designadamente os empresários e os trabalhadores, não são mobilizáveis apen as pelas alavancas monetaristas e financeiras do Banco Central e do Ministério das Finanças.

O banimento da «promessa» como expediente político de captação de vontades.

A mística do exemplo vindo de cima e a definição de uma clara deontologia para as organizações económicas e o mundo das trocas.

O combate sem tréguas à corrupção, aos circuitos económicos paralelos, à fraude económica e fiscal.

Voz do PS: - Muito bem!