domina a AD é o Estoril - terra cosmopolita, terra de casinos. Por isso, o Primeiro-Ministro decidiu transplantar para a política a táctica da roleta: quando se está a ganhar é que se sai do jogo para não perder as fichas que ainda restam.

Risos da UEDS e do PCP.

Só que a táctica da roleta é uma táctica irresponsável para quem tenta governar o País.

O Sr. Mário Tomé (UDP): - Muito bem!

O Orador: - Como conciliar o discurso do Sr. Deputado Victor Crespo de que tudo vai bem na AD com a imagem que a AD dá de si própria, que é a de que acara onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão»? Como conciliar a sua afirmação tranquila e segura com as declarações do Professor Freitas do Amaral que falou claramente em desaire eleitoral? Ou será que o Professor Freitas do Amaral estava equivocado? E como conciliar as declarações do Sr. Deputado Victor Crespo com as declarações feitas pelo Dr. Alberto João Jardim, do seu próprio partido, declarações de rebelião face aos órgãos nacionais do partido, declarações inspiradas, sem dúvida alguma, numa declaração da guerra secessionista norte-americana?

Sr. Presidente, Srs. Deputados: Algo vai mal na AD...

O Sr. Costa Andrade (PSD): - Isso é verdade!

O Orador: - ...e, por consequência, algo vai mal no País. Era preferível que, com responsabilidade e com honestidade, os próprios responsáveis políticos assumissem o que vai mal e tentassem apresentar soluções, e não, pura e simplesmente, fazer um discurso freudiano de tranquilização que, no fundo, não corresponde à realidade e ao dramatismo dos problemas com que nos defrontamos.

Nós, do discurso do Sr. Deputado Victor Crespo concluímos que é um discurso de epitáfio ao governante Francisco Pinto Balsemão (há muito tempo que vínhamos dizendo que se tratava de um governante sem futuro); mas, além disso, trata-se também, o que é amável da sua parte, de um discurso de despedida a esta Assembleia. Pela nossa parte, desejamos-lhe boas férias, Sr. Deputado, e, pela simpatia pessoal que p caracteriza, desejamos-lhe uma boa campanha eleitoral para eleições antecipadas.

Vozes da UEDS: - Muito bem!

Protestos do PSD.

O Sr. Américo de Sá (CDS): Quod volumus facile credimus!

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, têm a bondade de não estabelecer diálogo de bancada para bancada.

Pausa.

Srs. Deputados, têm a bondade de não estabelecer diálogo! Tem a palavra o Sr. Deputado Luís Coimbra.

O Sr. Luís Coimbra (PPM): - É para um curto protesto, Sr. Presidente.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: Estou inteiramente de acordo com as palavras proferidas pelo Sr. Deputado Victor Crespo e, concretamente, no que toca à referência de que os resultados eleitorais não constituem uma derrota com qualquer reflexo...

O Sr. César de Oliveira (UEDS): - Então está contra o Freitas do Amaral!

mocrática, contra o maior partido português, ú esta a razão do meu protesto.

Aplausos do PPM e do PSD.

Q Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Zita Seabra.

A Sr.ª Zita Seabra (PCP): - Sr. Deputado, ouvi os números que apresentou, os quais me suscitaram uma dúvida. Na sua declaração política o Sr. Deputado afirma que o PSD continua a ser o maior partido nacional.

Uma voz do PSD: - E é!

A Oradora: - Ora, as contas são fáceis de fazer. O Partido Socialista detém, nestas eleições, 31,8 % dos votos. Se o PSD é o maior partido nacional tem que ter, pelo menos, uma percentagem superior a 31,8 % dos votos, isto é, 32 %, pelo menos.

O Sr. Costa Andrade (PSD): - Ai essa matemática!

A Oradora: - Quanto é que deixa de percentagem para o CDS, Sr. Deputado?

Risos do PCP, do PS, da UEDS e da UDP.

O CDS fica reduzido a 10%, Sr. Deputado? E para o PPM? O CDS fica reduzido a metade da APU, Sr. Deputado?

Aí é que entendi bem por que é que o Sr. Prof. Freitas do Amaral fala em desaire e o PSD em que ganhou, em que nada está mal. Então daqui para o futuro nós iremos seguir esses números e o CDS