oficina de chapelaria com 6 operários, um negócio de família de tradição. Poderei contar a história porque ela é pequena e por isso serei rápido.

Quando o regime comunista se começou a implantar na Checoslováquia -contou-lhe o amigo- falou-se da nacionalização dos grandes latifúndios, dos grandes monopólios, etc e tal... e o amigo chapeleiro não estava nada, mesmo nada, preocupado.

Passado pouco tempo, nacionalizaram-se as empresas com mais de 400 operários ... e o amigo chapeleiro continuou pouco preocupado.

Depois nacionalizaram-se as empresas com mais de 50 operários ... e, aí, o amigo chapeleiro começou a ter alguma inquietação.

Passado algum tempo - isto para encurtar razões -, os 2 amigos encontraram-se e o amigo chapeleiro estava muito acabrunhado e triste.

«Então o que é que te aconteceu? Os negócios correm-te mal?» - perguntou o checoslovaco.

«Negócios? Eu quero lá saber dos negócios!... Eu já não tenho negócios. Imagina tu que até me estati zaram a minha pequena oficina, com seis empregados e hoje já não sou comerciante, mas meramente um empregado. Perdi aquilo que a minha família, ao longo de muitos anos, tinha construído com o seu trabalho» - disse o amigo chapeleiro.

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): - Estudou essa história nas Selecções!...

O Orador: - Esta é que é a realidade.

O que me espanta é como é que neste país ainda há pequenos e médios comerciantes, industriais e agricultores que se deixam arregimentar em organizações de inspiração comunista para a defesa dos seus interesses quando os seus interesses são totalmente postos em causa se, amanhã, um tal regime viesse implantar-se em Portugal.

Aplausos do PSD e de alguns deputados do CDS.

Essas pessoas, Sr. Deputado Octávio Teixeira, na sua ingenuidade, são aquilo a que Lenine chamava «os idiotas úteis» e a que o social-democrata alemão Mosser chamava: «os burros de Tróia».

A minha pergunta é a seguinte: Há alguma sinceridade, há alguma honestidade política na sua tão veemente e tão intransigente defesa dos pequenos e médios comerciantes?

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Este faz parte da Mafia da mediocridade.

O Sr. Jorge Lemos (PCP): - Sr. Deputado Silva Marques, esta pergunta devia ter sido feita por si!

O Sr. Presidente: - Para responder, se assim o entender, tem a palavra o Sr. Deputado Octávio Teixeira.

O Sr. Octávio Teixeira (PCP): - Sr. Deputado Ferreira de Campos, julgo que V. Ex.ª não ouviu a minha intervenção ou então ouviu-a muito mal: é que ela não foi um ataque cerrado às comissões de avaliação, mas um ataque cerrado aos governos da AD, à legislação publicada pela AD.

Aplausos do PCP e do deputado da UEDS Lopes Cardoso.

O Sr. Deputado está enganado, a não ser que misture os elementos da Administração Pública com o Governo.

O Sr. Ferreira de Campos (PSD): - Nós percebemos!

O Orador: - O que referi foram alguns casos concretos de comissões de avaliação onde o próprio valor pedido pelo senhorio foi ultrapassado.

Perguntou o Sr. Deputado por que é que eu estou agora contra as comissões de avaliação e dantes não estava, sendo elas regidas pelas mesmas pessoas. É lógico e evidente: é que a lei veio alterar tudo. É evidente que, se as regras foram alteradas, para as cumprirem, tiveram que avançar com valores deste género.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Sr. Carlos Brito (PCP): - É tão simples!

O Sr. Sousa Marques (PCP): - Acabemos com a lei.

O Sr. Silva Marques (PSD): - A questão não está esclarecida!

O Orador: - Quanto ao Sr. Deputado João Porto, gostaria de começar por dizer que tenho por hábito defender aquilo em que acredito com toda a veemência. Nunca a veemência poderá significar falta de capacidade de interesse pelo diálogo. Uma coisa nada tem a ver com a outra.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Pelo contrário!

O Orador: - Mesmo no próprio diálogo eu defendi as minhas posições com veemência, o que não quer dizer que não possa haver diálogo e, eventualmente, em alguns casos, acordos.

Vozes do PCP: - Muito bem!