Ora, Sr. Deputado, vir aqui a esta Câmara fazer o elogio de um Governo que cria a fome e o desemprego não lhe fica bem. E mais: repare que o Sr. Deputado quando falava estava a rir-se porque não acreditava naquilo que estava a dizer.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - O Sr. Deputado sabe muito bem que não só no Alentejo mas em todo o pais há todos os dias despedimentos, há pessoas que são atiradas para a fome e para a miséria, porque este Governo assim o entende, porque este Governo não é capaz de governar. E quando o Sr. Deputado vem dizer que nós, comunistas, queremos que este Governo se mantenha, quero dizer-lhe que são do seu partido algumas vozes que exigem que o Presidente da República demita este Governo e dissolva a Assembleia, porque este Governo já não governa e está a atirar o País para um desastre.

Esta é que è a realidade. Não venha o Sr. Deputado dizer que somos nós que queremos que este Governo se perpetue. Este Governo é um descalabro para a vida do Pais, é o descalabro e ë a miséria dos Portugueses. Por isso exigimos que este Governo se vá embora e já é tarde.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, se há alguma diferença entre uma segunda intervenção e um protesto, não poderá deixar de se dizer que se tratou antes de uma segunda intervenção e não de um protesto.

No entanto, dou a palavra ao Sr. Deputado Lemos Damião, para dizer o que se lhe oferecer a esse respeito.

menos, aquilo que nós aqui temos, como V. Ex.ª ainda agora testemunhou, ao poder dizer que o governo AD não presta, não serve, que devia ir para a rua; eles não podem dizer sequer isso porque não têm governo, não sabem qual é o governo deles. E que os Timorenses, Sr. Deputado, hoje no mundo são apenas, e tão-só, números que dizem respeito ao mundo e que não sabem qual a sua pátria. Foi a esses que me referi.

Se efectivamente isso existe no Alentejo, no Minho ou no Algarve, não se deve ao governo da AD ou ao governo socialista ou comunista. Se soubéssemos que V.Ex.ª tinham a varinha de condão para resolver os problemas de Portugal e dos Portugueses, nós éramos os primeiros a ir atrás de vós, pois, então, seriam vocês que iriam resolver esses problemas.

Mas efectivamente sabem bem que não, que não têm a varinha de condão. Fomos nós que criámos mais postos de trabalho...

do PCP:- Aonde?!...

O Orador: - ...e não somos nós que contribuímos para a desgraça do povo, porque não somos nós que fomentamos greves que não têm nada a ver com a justiça social de que V. Ex.ª falam e com a qual enchem a boca.

do PSD: - Muito bem!

O Sr. Custódio Gingão (PCP): - Sr. Presidente, peço a palavra para interpelar a Mesa.

O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. Custódio Gingão (PCP): - Há pouco, quando acabei de protestar, V. Ex.ª advertiu-me para o facto de eu não ter feito um protesto, mas uma segunda intervenção.

Sr. Presidente, devo dizer que, no meu entender, fiz um protesto. E mais: cabe-me a mim definir o que entendo por protesto ou por uma segunda intervenção.

O Sr. Jorge Lemos (PCP): - Muito bem!

O Orador: - Não admito, pois, que seja a Mesa, ou no caso concreto o Sr. Presidente, que me diga o que entende por protesto ou por uma segunda intervenção.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: - A resposta que a Mesa, neste caso o Presidente em exercício, tem a dar ao Sr. Deputado é a seguinte: quem dirige uma reunião tem obrigação de aplicar o Regimento.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Segundo o Regimento, há manifestamente uma diferença entre o protesto e uma segunda intervenção. O Presidente tem o direito, em seu critério, de chamar a atenção para os Srs. Deputados que se afastam do cumprimento das regras regimentais.

O Sr. Deputado pode ter as opiniões que quiser, mas o Presidente também as pode ter e, enquanto estiver no exercício destas funções, ele assumirá as suas responsabilidades, apesar das criticas que lhe sejam dirigidas.

O Sr. Deputado tem todo o direito de fazer as críticas que entender, mas eu também tenho todo o direito de actuar de acordo com a minha consciência e com aquilo que julgo serem os deveres do meu cargo.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.

Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Joaquim Miranda.

O Sr. Joaquim Miranda (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Os grandes industriais de moagem, os grandes agrários e, bem assim, o seu porta-voz no