Sr. Presidente, não pode o PCP prescindir de, aqui e neste momento, manifestar a sua profunda revolta, a sua mais íntima indignação, o seu sentido dolorido e ao mesmo tempo profundamente afirmativo diante da tragédia que ontem ocorreu perto de Valongo, da qual resultou a morte de 1 trabalhador por balas da GNR, segundo os relatos conhecidos em termos que podem e devem ser considerados da mais extrema gravidade para a democracia portuguesa.
O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, pese embora todo o direito que V. Ex.ª tem de fazer uma intervenção, penso que isso não pode acontecer em termos de interpelação à Mesa.
O Sr. Deputado está a fazer uma verdadeira intervenção numa situação que não foi possível deferir porque a Mesa teve por todos VV. Ex.ªs uma particular atenção face a um problema fundamental da vida do país.
Pedia-lhe, pois, que não se servisse da figura de interpelação à Mesa para criar o precedente de ter de estar, daqui a pouco, a permitir a todos os Srs. Deputados que, sob essa figura, façam autênticas intervenções.
Vozes do PSD: - Muito bem!
Vozes do PCP: - Muito bem!
O Sr. Presidente: - O que o Sr. Deputado acaba de fazer, sob a forma de interpelação à Mesa, foi perguntar se ela apoia a proposta que formulou. O que a Mesa pode é tomar como requerimento a proposta que V. Ex.ª acaba de formular. A Câmara irá votar sem discussão.
Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.
O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, vamos portanto aguardar 1 minuto de silêncio pela morte ontem ocorrida e em relação à qual até já estava, aliás, na Mesa 1 voto de protesto.
A Câmara guardou, de pé, 1 minuto de silêncio.
O Sr. Jaime Ramos (PSD): - Sr. Presidente, peço a palavra.
O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Jaime Ramos (PSD): - Sr. Presidente, como este requerimento foi imediatamente posto à votação, por um processo extremamente rápido, não quis, de maneira nenhuma, interromper.
No entanto, gostaria agora de dizer que, embora concordando com o minuto de silêncio, não concordo com a maneira como ele foi proposto pelo Sr. Deputado Manuel Mendes, quando disse que a pessoa foi assassinada. Pessoalmente, não sei se foi assassinada pois tenho conhecimento de que terá sido morta. Não queria, portanto, associar-me especificamente a essa palavra.
O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, parece-me que fui bem claro ao dizer que se guardaria 1 minuto de silêncio pela morte de alguém. Á Mesa não aderiu, de forma nenhuma, ao termo assassinado. Á Mesa aderiu ao facto de ter morrido uma determinada pessoa.
Tem a palavra, para fazer uma declaração política, o Sr. Deputado Mário Tomé.
O Sr. Carlos Lage (PS): - Sr. Presidente, peço a palavra para interpelar a Mesa.
O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Carlos Lage (PS): - O Sr. Presidente tem referido, insistentemente, que o Sr. Deputado Mário Tomé tem uma declaração política para fazer. Eu também tenho e julgo que tenho os mesmos direitos que o Sr. Deputado Mário Tomé.
O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Carlos Lage também tem uma declaração política para fazer? Não sabia que estava inscrito.
O Sr. Carlos Lage (PS): - Estou inscrito desde as 10 horas da manhã, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente: - Um momento, Sr. Deputado. Vou consultar os membros da Mesa.
Pausa.
Sr. Deputado Carlos Lage, tenho que lhe apresentar uma explicação. Não será rigorosamente um pedido de desculpas que lhe devo, mas sim a seguinte explicação: o Sr. Deputado Mário Tomé apresentou-me, pessoalmente, no Plenário, às 10 horas em ponto, a sua inscrição. Entretanto, V. Ex.ª fez depois a sua inscrição mas já não perante mim. Daí que eu só tivesse conhecimento da primeira inscrição.
Tem a palavra, para fazer uma declaração política, o Sr. Deputado Mário Tome.
também. A UDP propõe, desde já, que todo o distrito do Porto pare no dia do