O Sr. Lopes Cardoso (UEDS): - Administrativo?!...

O Orador: - Como entender! Não vou perder tempo sobre a questão. Agora, que VV. Ex.ªs tiveram mais olhos que barriga, não há a menor dúvida.

Entretanto, reassumiu a presidência, o Sr. Presidente Leonardo Ribeiro de Almeida.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, esgotou-se o tempo, pelo que lhe peço o favor de abreviar a sua intervenção.

O Orador: - Sr. Presidente, vou terminar. Quanto ao Sr. Deputado nada ter a ver com a 5.« Divisão, também é um facto!

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Lopes Cardoso, pretende pedir a palavra para responder, ou não deseja usar da palavra?

O Sr. Lopes Cardoso (UEDS): - Sr. Presidente, esta intervenção não merece resposta que me leve a gastar o pouco tempo de que disponho. Isto não impede que mantenha a inscrição que tinha feito para colocar questões ao Sr. Secretário de Estado José Alfaia.

O Sr. Presidente: - Está exactamente na altura. Tem V. Ex.ª a palavra.

O Sr. Lopes Cardoso (UEDS): - Muito obrigado, Sr. Presidente. Peço desculpa, não tinha entendido assim.

Sr. Secretário de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro, não vou dizer-lhe que me desiludiu. Na minha intervenção anunciava, desde logo, as fundadas dúvidas que tinha quanto à sua capacidade de trazer aqui qualquer esclarecimento válido sobre o seu comportamento em relação à agência noticiosa ANOP.

Vozes da UEDS e do PS: - Muito bem!

O Orador: - Mas, devo humildemente confessar-lhe que me espantou. E me espantou pela sua capacidade de se ultrapassar a si próprio em matéria de despudor, de

hipocrisia, de distorção dos factos, de não assunção minimamente clara das responsabilidades que lhe cabem em todo este processo.

Aplausos da UEDS, do PS, do PCP, da ASDI, do MDP/CDE e da UDP. Ex.ª entendeu dever refugiar-se por detrás do programa do Governo e por trás da proclamação de que a AD e o Governo respeitam os seus compromissos.

Não foi um compromisso do Governo a que o Sr. Secretário de Estado pertence, assumido perante esta Assembleia, o de reorganizar e apoiar financeiramente a agência noticiosa de Portugal, ANOP? Como é que cumpriu esse compromisso?

Uma voz do PCP: - Esqueceu-se!

O Orador: - Por outro lado, o Sr. Secretário de Estado acusa a ANOP desta coisa espantosa: é que a ANOP produz demais. Parece que, afinal, todo o mal está no facto de a ANOP produzir 60% a 70% das notícias veiculadas pelos meios de comunicação social portugueses. Se a ANOP produzisse pouco, tudo bem. Não fazia diferença a ninguém, gastasse o dinheiro que gastasse.

Por um lado, a produtividade é baixa. Por um lado produz pouco, por outro lado produz tanto que o melhor é encerrá-la!

E depois continua sem explicar uma coisa: se a ANOP, pelo seu estatuto de empresa pública, carece de independência face ao Governo, explique-me como é que uma agência que depende para sobreviver dos subsídios que lhe são dados pelo Governo pode ser independente em relação a esse Governo. Ou será que o Governo vai abdicar de qualquer controlo sobre o modo como são utilizadas as centenas de milhar de contos que concede a essa empresa?

Explique-me, Sr. Secretário de Estado, se for capaz!

Explique-me, também, como é que sem hipocrisia V. Ex.ª pode vir aqui trilhar o fado choradinho sobre quanto lhe custou e quanto lhe custa a situação dos trabalhadores da ANOP, depois de sistematicamente ter recusado qualquer espécie de diálogo com esses mesmos trabalhadores.

Vozes do PS e do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Se isso não é hipocrisia, então o que ê? Então em que é que ficamos?

Disse também o Sr. Secretário de Estado que a existência da ANOP era um factor que impedia o desenvolvimento de certas iniciativas, designadamente de índole cooperativa.

O Sr. Primeiro-Ministro não nos honrou com a sua presença. Não sei se por, finalmente num rebate de consciência, ter entendido que não devia participar no debate em torno...

O Sr. Presidente: - Terminou o seu tempo, Sr. Deputado.

O Orador: - Sr. Presidente, se me permite, só mais 2 minutos.

O Sr. Presidente: - Pedia-lhe o favor de ser breve, Sr. Deputado.