enfim, elas permitem-me, pelo menos, falar mais um pouco sobre o que foram as comemorações do 25 de Abril e do 1.º de Maio.

Relativamente ao Sr. Deputado Martins Ferreira, do PSD, começarei por lhe dizer que não era às comemorações da UGT que me referia. Referia-me à repressão que houve, por exemplo, em Carenque, onde a GNR foi bater em democratas que andavam a colar cartazes, bem como à posição da Câmara Municipal de Lisboa, que mandou arrancar cartazes e palcos. Era a isto que eu me referia na minha intervenção.

Quanto ao problema da Polónia, constato sempre a tendência que os Srs. Deputados têm para fugir às realidades nacionais, aos problemas nacionais com que os trabalhadores portugueses se debatem, agitando os problemas da Polónia ou dos outros. É claro que essa é a posição do Sr. Deputado e que eu compreendo, com toda a sinceridade. O Sr. Deputado tem dificuldade em se colocar numa perspectiva patriótica e nacional da defesa dos interesses dos trabalhadores portugueses, até porque o Sr. Deputado apoia este Governo, que pratica uma política de injustiça social.

Aplausos do PCP.

Quanto ao desmentido formal por parte de um meu camarada de bancada e em relação a uma empresa que, segundo o Sr. Deputado Silva Marques diz, não tem os salários em atraso -ou nunca teve os salários em atraso -, devo dizer-lhe que quando se fala em salários em atraso englobam-se as próprias remunerações, os subsídios, que muitas vezes não são pagos na devida altura. Isto também significa massa salarial em atraso. Cá estaremos para esclarecer ...

Mas o que o Sr. Deputado Silva Marques não disse aqui é que existem cerca de 100 000 trabalhadores com salários em atraso, a nível nacional.

Quanto à questão dos democratas do Porto, certamente que não estiveram todos lá. Mas ainda bem que assim não aconteceu, pois se isto já foi tão grande, se todos os democratas tivessem participado imagine o Sr. Deputado o que não seria. Seriam milhões e milhões de portugueses -como disse na minha intervenção -, que estão contra este Governo, que estão contra esta política e que estão de c oração e alma com o 25 de Abril e com a própria luta dos trabalhadores.

Quanto às outras considerações mais ou menos filosóficas, devo dizer-lhe, Sr. Deputado Silva Marques, que quando você fala para esta bancada tenho dois sentimentos contraditórios: ou me dá vontade de rir ou fico irritado. Hoje, com o seu ar tão atroz, prefiro rir-me e não responder às suas considerações mais ou menos filosóficas.

O Sr. Leonel Santa Rita (PSD): - E a Polónia?

O Orador: - A Polónia? Infelizmente, quando eu pensava que era o Sr. Deputado Silva Marques que me ia falar na questão da Polónia, da Checoslováquia, do Afeganistão, etc., vem-me o Sr. Deputado Leonel Santa Rita, mandatado pelo Sr. Deputado Silva Marques, falar no assunto. Já agora, Sr. Deputado, faça-me lá uma perguntinha sobre a Checoslováquia, pois já que estamos em maré de responder, pois faça o favor de perguntar.

Bem, quanto à questão das manifestações, Sr. Deputado João Fernandes, estava a referir-me àquele espectáculo triste da Aula Magna. Não sei se o vi lá, mas todos vocês estavam com uma cara tão desgraçada, tão desgraçada, que me apeteceu falar assim, com a nota da desgraça das vossas comemorações.

Risos do PCP.

E não é por acaso, Srs. Deputados, que realizando-se hoje a única sessão desta semana com período de antes da ordem do dia os Srs. Deputados não façam uma declaração política sobre a importância destas duas datas históricas. Com toda a sinceridade, gostaríamos de ouvir o PS - que nós consideramos um partido democrático- falar aqui sobre a grandiosidade e o amor do povo a estas datas históricas, particularmente o 25 de Abril.

Aplausos do PCP.

Vozes do PCP: - Muito bem!

Vozes do PCP: - Muito bem!