fazer uma autocrítica a si próprio e ao seu partido pelo tempo em que também esteve à frente da gestão da RTP.

O Sr. Lucas Pires (CDS): - Quando é que isso foi?

O Sr. Presidente: - Para contraprotestar, se assim o desejar, tem a palavra o Sr. Deputado Narana Coissoró.

O Sr. Narana Coissoró (CDS):- Sr. Deputado Octávio Cunha, o CDS nunca teve nenhum dos seus militantes como presidente da RTP. Pelo contrário, foram pessoas da área do PS - que inclusivamente promoveram a candidatura do Dr. Mário Soares dentro do Congresso do PS - que estiveram à frente da RTP.

Vozes do CDS: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Para formular pedidos de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Lage.

O Sr. Carlos Lage (PS):- Sr. Deputado Narana Coissoró, tínhamos previsto que este pedido para a constituição de uma comissão parlamentar de inquérito iria decorrer serenamente, visto que já tínhamos anunciado a disposição de o votar favoravelmente.

Porém, o Sr. Deputado, que tantas surpresas agradáveis nos tem causado, agora trouxe-nos uma surpresa desagradável!

Depois de um texto do pedido de constituição da comissão parlamentar de inquérito confuso, desigual e heteróclito, que mais parece uma moção, o Sr. Deputado faz uma intervenção que, em vez de justificar correctamente o pedido da criação de uma comissão parlamentar de inquérito, é uma exposição facciosa, febricitante, quase furiosa, contra a política governamental, atacando em particular e privilegiando o Sr. Primeiro-Ministro nos seus ataques.

Em primeiro lugar, esta diatribe contra o Sr. Primeiro-Ministro baseia-se em factos manifestamente deturpados, em interpretações tendenciosas que não atingem a sua dignidade mas, que, pelo contrário, prejudicam a dignidade do Sr. Deputado Narana Coissoró, ao fazer uma intervenção que se deveria pautar pela objectividade, pela lucidez e pela serenidade.

Permitam-me que parafrasie Emanuel Krant, que dizia que «o homem saiu finalmente da sua menoridade culpada». Porém, o CDS, hoje, pela voz do Sr. Deputado, parece ter saído da sua minoria culpada, visto que, como já aqui foi salientado, há antecedentes no comportamento do CDS quando estava no Governo que, pelo menos, deviam dar-lhe algum sentido de medida e algum equilíbrio para não fazer uma intervenção nos termos em que fez.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Não temos receio dos resultados obtidos através do trabalho de uma comissão parlamentar de inquérito, pois, como já dissemos muitas vezes, tanto nós, deputados socialistas, como os membros que integram o Governo, somos contrários a qualquer dirigismo informativo e cultural, que outros não recusaram.

A comissão parlamentar de inquérito que vamos apoiar deverá realizar o seu trabalho com serenidade e apurar factos, evitando desde já juízos de valor antecipados e condenações feitas em termos altissonantes e um pouco enervados, como fez o Sr. Deputado Narana Coissoró.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Narana Coissoró, há mais oradores inscritos para formular pedidos de esclarecimentos.

V. Ex.ª deseja responder já ou no fim?

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - No fim, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Então, tem a palavra o Sr. Deputado Hasse Ferreira.

O Sr. Hasse Ferreira (UEDS):- Sr. Deputado Narana Coissoró, V. Ex.ª não considera que o recente consulado de Proença de Carvalho na RTP foi um dos períodos mais negros da história da televisão portuguesa, que culminou, aliás, com atitudes graves e ridículas, como as que, entre outras, visaram Júlio Isidro e Herman José já em período próximo das eleições, e que fizeram com que VV. Ex.ªs abandonassem o Governo - o que já foi bom!?

V. Ex.ª não se lembra que no Conselho de Informação para a Televisão os representantes do CDS, salvo casos que foram clamorosas excepções, deram larga cobertura à gestão Proença de Carvalho - apesar de um seu brioso representante ter participado num «monumental» inquérito à gestão televisiva, que abrangeu mais de 100 reuniões -, tendo boicotado e votado contra a generalidade das propostas, críticas o recomendações feitas aí para a televisão?

O Sr. Igrejas Caeiro (PS): - Muito bem!

ento que a televisão não tenha dado mais tempo ao CDS. Portanto, é bom que a televisão vos dê mais tempo de emissão, para que os Portugueses se apercebem da inconsistência concreta da vossa alternativa actual.