É só esta a observação que pretendia fazer, mas, simultaneamente, quero também dizer o seguinte: não seria deselegante ao ponto de lembrar aqui que todos os grupos parlamentares se entretiveram de certo modo a acusar-se no tempo, relativamente à condução que cada um teve quando esteve na chefia da televisão. A verdade é que, em matéria de liderança da televisão, já ninguém é pomba branca neste Parlamento.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - O melhor é todos reconhecermos isso mesmo. Evidentemente que uns serão mais brancos do que outros, mas com que desvanecimento ouvi aqui o Grupo Parlamentar do PCP defender a isenção e o pluralismo da comunicação social!

Risos do PSD.

sas posições e críticas. É, lá fora, onde algumas televisões quase são consideradas paradigmáticas, são frequentes discussões semelhantes a esta, acusando-se as maiorias e as oposições, afirmando a oposição que as maiorias dominam as televisões e defendo-se estas com a afirmação de que as televisões são contrárias aos seus próprios interesses ou até ao rigor e à verdade da informação.

Portanto, estejamos todos tranquilos. Penso que foi uma tarde agradável, podíamos talvez tê-la reduzido a um pouco menos, mas, de qualquer modo, vamos ter um inquérito. É óptimo que tenhamos um inquérito. Venha a verdade até às últimas consequências e então, depois, venham os juízos finais, as apreciações finais, o julgamento e as conclusões.

Aplausos do PS e do PSD.

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Nogueira de Brito pediu a palavra para que efeito?

O Sr. Nogueira de Brito (CDS): - É para uma intervenção, Sr. Presidente.

à actuação da Radiotelevisão Portuguesa. Outro não poderia ser o nosso sentido de voto, já que, no nosso entendimento, existem razões mais do que suficientes para que se efectue um inquérito à RTP, nomeadamente no que diz respeito ao seu serviço informativo, embora reconheçamos que o CDS tem graves culpas na situação actual da RTP, uma vez que esta administração e muitos dos directores que lá existem seguem métodos em tudo idênticos aos que eram seguidos quando era seu presidente Proença de Carvalho, que Freitas do Amaral, então no governo AD classificou, alto e bom som - e veio publicado em todos os jornais -, como o quinto ministro do CDS.

A questão da RTP não pode nem deve ser dissociada da política que o actual Governo tem desenvolvido no sector da comunicação social. Nós, deputados, não podemos esquecer a incrível situação em que este Governo, na sequência da actuação do anterior Secretário de Estado, Alfaia, colocou à ANOP. Sentindo que se lhe tornava praticamente impossível encerrar a Agência Noticiosa Portuguesa, manteve-a numa indefinição, com a qual se pretendeu que a ANOP não pudesse cumprir com as suas finalidades. O Governo atrasou decisões que se tornavam inadiáveis e que impedissem a gradual degradação da Agência Noticiosa Portuguesa. O que se passou e o que se passa com a ANOP tem de ser - e sê-lo-á - apreciado também nesta Assembleia da República.

Mas não é só a ANOP que sofre os problemas criados pelo Governo, como se pode verificar com outros órgãos do sector da comunicação social estatizada, como, por exemplo, na empresa do Diário de Notícias/Capital, na empresa do Jornal de Notícias do Porto e no Comércio do Porto, onde a acção do Governo tem sido determinada por uma clara intenção de enfraquecer o sector estatizado da comunicação social. Isto para já não falarmos no Conselho da Comunicação Social, que, por culpa da maioria, ainda não foi eleito.

Contudo, o que hoje debatemos diz directamente respeito à tele visão, o órgão mais apetecido de todos, o órgão de que o Governo rapidamente se apossou, agravando, em muitos casos, o que de muito mau já existia.

Impõe-se uma análise circunstanciada do tipo de actuação da RTP ao longo do último ano; das lutas internas no próprio seio da administração (onde, ao que parece, apenas um administrador não é posto em causa); das constantes alterações nos serviços de informação; das exigências dos dois partidos que