que lhe digo é que faça um rápido inquérito ali na bancada parlamentar dos jornalistas.

Quanto ao problema do insulto, creio que V. Ex.ª baixou, realmente, à sarjeta do insulto quando falou como falou.

O Sr. Malato Correia (PSD): - Pode puxar o autoclismo. Sr. Presidente!

O Sr. José Luís Nunes (PS): - Sr. Presidente, peço a palavra para dar explicações à Câmara. Posso fazê-lo. Está no Regimento.

Não desejaria invocar o direito de defesa por um motivo muito simples: nos casos concretos, não ofende quem quer. Eu sou um cumpridor exacto das normas regimentais e, de facto, isto não justifica o uso do direito de defesa. O que justifica é dar explicações à Câmara, não exercendo o direito de defesa, perante uma série de afirmações que aqui foram feitas, porque todas as pessoas me conhecem aqui.

Nestas mesmas circunstâncias, em casos idênticos, já foi concedida a palavra, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, o Regimento...

O Sr. José Luís Nunes (PS): -Pronto, Sr. Presidente, se V. Ex.ª pensa que estou a causar dificuldades à Mesa com esta atitude vou utilizar o direito de defesa, mas os deputados que aqui se sentam sabem o que é que quero dizer com isto.

Peço, então, a palavra para exercer o direito de defesa, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. José Luís Nunes (PS): -Sr. Presidente, Srs. Deputados: O Sr. Deputado Corregedor da Fonseca acaba de dar, ou de traçar, o seu auto-retrato.

Em primeiro lugar, quando falei em «pigmeus» queria referir-me a pigmeus intelectuais e é só assim e nessa base que o caso pode ser referido.

Em segundo lugar, referi-me ao facto de o Sr. Deputado trabalhar na Agência Novosti e disse que seria tão despropositado referir-me a esse facto como, por exemplo, falar-se aqui do Sr. Vice-Primeiro-Ministro e Ministro da Defesa Mota Pinto como o «patrão do PSD».

Diz-me V. Ex.ª que o PSD não protestou. É que, quando se ofende uma figura de Estado - qualquer que ela seja - nós sentimo-nos todos ofendidos. Não e preciso que o PSD proteste. Se por acaso chamarem, por exemplo, um nome desse estilo ao secretário-geral do seu partido, ou ao secretário-geral de qualquer outro partido, devo dizer-lhe que também me sentirei ofendido. Há pessoas que funcionam no plano dos princípios e outras que funcionam no plano da oportunidade.

Enfim, o Sr. Deputado Corregedor da Fonseca faz uma insinuação que e a chamada «insinuação grosseira». Diz que sempre exerceu honestamente a sua actividade - e isso não está em causa -, enquanto não sabe se eu exerci honestamente a minha, só porque sou advogado.

O Sr. João Corregedor da Fonseca (MDP/CDE): - Não foi isso, Sr. Deputado!

Aplausos do PS e do PSD.

O Sr. João Corregedor da Fonseca (MDP/CDE): - Sr. Presidente, peço a palavra para exercer o direito de defesa.

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): - Dois pesos, duas medidas!

O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - É evidente, Sr. Deputado José Luís Nunes, que V. Ex.ª tem uma alma muito odionda. Quando amanhã ler o Diário da Assembleia da República, verificará, talvez com surpresa, o tipo de palavrões que utilizou nesta Câmara.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - É evidente que quando V. Ex.ª falou em pigmeus intelectuais nós entendemos o que isso queria dizer - também somos todos, de certo modo, lidos e sabemos ler e pensar, Sr. Deputado. Só quo V. Ex.ª, perante aquilo que disse, não merece sequer o susto de que eu o classifique de pigmeu intelectual.

O Sr. Ministro de Estado e dos Assuntos Parlamentares: - Sr. Presidente, peço a palavra para fazer um protesto.

O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Ministro.