revelasse, no fundo, uma tal amargura. Deve estar politicamente muito amargurado, Sr. Deputado, para ter dito o que disse.

Foram destacadas as suas principais afirmações, que merecem este protesto. Vou sintetizá-las numa só: «o Sr. Primeiro-Ministro desmente todas as entrevistas». Foi esta a sua afirmação.

Peço-lhe que, num momento de maior serenidade, medite sobre ela e que talvez lenha, mais tarde, outra oportunidade de intervir aqui e de se julgar a si mesmo.

Começa-se por desrespeitar o Primeiro-Ministro, o Vice-Primeiro-Ministro e os ministros do Governo e acaba-se normalmente por se desrespeitar as instituições democráticas, sobretudo através da mentira, Aí e que está o prejuízo e o perigo.

O Sr. João Amarai (PCP): - Isso também é um exagero!

O Orador: -Sr. Deputado, sem quebra do respeito que lhe devo, quero dizer-lhe que tenho muita pena que não prefira o meu humor à sua grosseria.

Aplausos do PS e do PSD.

O Sr. João Corregedor da Fonseca (MDP/CDE): - Sr. Presidente, peço a palavra para fazer um contraprotesto.

O Sr. Presidente: - Não tem tempo, Sr. Deputado.

O Sr. Ministro de Estado e dos Assuntos Parlamentares: - Sr. Presidente, se for possível o Governo conceder tempo ao Sr. Deputado João Corregedor da Fonseca, teria muito gosto em o fazer...

O Sr. Presidente: - O Governo tem 7 minutos, Sr. Ministro.

O Sr. Ministro de Estado e dos Assuntos Parlamentares: - Tem, então, 7 minutos, Sr. Deputado João Corregedor da Fonseca.

O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. João Corregedor da Fonseca (MDP/CDE): - Muito obrigado, Sr. Ministro, por essa atenção que deu ao MDP/CDE.

O Sr. Ministro classificou a minha intervenção de grosseira e preferiu o seu humor à minha grosseria, como disse.

Estou ciente de que V. Ex.ª vai ler o debate que aqui se travou, apesar de ter assistido, e, por certo, não vai considerar grosseira a minha intervenção, porque ela refere apenas alguns factos que se passam na televisão e o apoio ao pedido de inquérito.

É evidente que V. Ex.ª fica muito ferido quando digo que o Sr. Primeiro-Ministro desmente todas as entrevistas.

Pois bem, isso é uma força de expressão. Não serão todas as entrevistas, mas quase todas. Ainda esta semana tivemos oportunidade de verificar como o Sr. Primeiro-Ministro desmentiu uma entrevista a um jornal estrangeiro e o jornalista veio depois dizer que tinha a gravação.

É evidente que o Sr. Ministro Almeida Santos não esquece que sou jornalista há muitos anos e que devolvo-a inteiramente ao Governo que vai, amiudadas vezes, desrespeitando .as instituições democráticas.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Nogueira de Brito para uma intervenção.

ada pelo Sr. Ministro de Estado. Para desfazer dúvidas, seria bom que fosse dada publicidade à carta de demissão que o Sr. Ministro também aqui hoje referiu e anunciou.

Quanto ao mais, há que desfazer um falso argumento formal que aqui foi esgrimido pelo Sr. Ministro e pela bancada do PSD.

Que diria esta Câmara se o CDS, ao fundamentar o seu requerimento, não apontasse as irregularidades que, em seu entender, tem sido cometidas e os factos que são do seu conhecimento e que indiciam essas mesmas irregularidades?

A Câmara diria, e bem, que estaríamos a ocupar levianamente o seu tempo e, sem fundamento, estaríamos a levantar suspeitas sobre um conselho de