de que, certamente por graça - foi por graça, aliás - falava o Sr. Ministro, serão largamente ultrapassados, acabando por se situar acima de 30 %. Mas pior do que os números mais ou menos correctos de um índice já obsoleto, é o confronto diário com os preços de bens essenciais, como a batata, o arroz e o açúcar, que, em escassos meses, sofreram agravamento muito acima da média anual.

Que o digam, também, os milhares e milhares de jovens sujeitos à triste sina de todos os anos se verem confrontados com diferentes processos de avaliação de conhecimentos que lhes foram transmitidos no quadro de programas, que também todos os anos variam, e que às centenas vêem frustradas as expectativas de acesso ao ensino superior, única saída para que o ensino secundário os encaminhou.

Que o digam os milhares de empresários, em todos os sectores de actividade, a contas com carteiras de encomendas que não conseguem renovar, num quadro geral de paralisação dos negócios, com dificuldades sempre renovadas de acesso ao crédito e a quem o aumento constante dos custos de produção e o nível elevadíssimo dos custos financeiros retiram qualquer perspectiva de futuro.

Mas perante tudo isto, que é apenas uma pequena amostra da situação em que se encontra o País, que faz o Governo?

O Governo que tanto cultivou, nos primeiros tempos, uma imagem de unidade, com encenações sabiamente imaginadas, a lembrar velhas fotografias de família, não é hoje mais que um conjunto de personagens apostadas na prossecução de políticas pessoais e que oscilam entre os que consideram o mistério a melhor arma política e os que optam por uma agitação permanente, dividida entre viagens ao estrangeiro de finalidade mais ou menos indecifrável e a participação em actos meramente formais ...

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Essa é boa!

O Orador: - ..., abundantemente transmitidos pela televisão e noticiados por rádios e jornais.

Aplausos do CDS.

Aplausos do CDS.

aceitaria, mas sim a. crítica reveladora de um desencanto profundo e, em tantos casos, de uma total oposição de perspectivas.

São então grande número os exemplos do que fica dito que seria fastidioso a sua enumeração, cabendo, no entanto, recordar que em todos os debates verdadeiramente importantes aqui acontecidos, ou se geraram maiorias para além dos limites do bloco central, ou então este revelou-se desconcertado e acabou mesmo, em alguns casos, por se dividir.

Desde a legalização do aborto até aos referendos locais, passando pela discussão do regimento e da criação de novas autarquias, ainda em curso, a maioria ou se desfez ou se mostrou reticente e vacilante, subsistindo, em alguns casos, por razões de pura cortesia ...

Quer dizer que a maioria deixou de apoiar o Governo para passar a exercer encapotadamente o papel de oposição. E o curioso é que a esta fragilidade interna se alia uma atitude de relativa incompreensão pelo papel da oposição, numa perspectiva que diríamos totalitária do funcionamento das instituições, pretendendo a maioria ser, ao mesmo tempo, de apoio ao Governo por ela gerado e sua oposição, só admitindo como manifestações válidas de crítica as modalidades chamadas de autocrítica. Não é, porém, o que se es-