nunciam a crise. Mas cabe aqui perguntar: ninguém responsável pelo sistema? Ninguém fez este sistema? Ninguém administrou esta crise? Ninguém governou Portugal durante estes 10 anos?

Vozes da PS: - Vocês! ...

Vozes do PCP: - Durante vários anos o CDS! ...

O Orador: - É caso para perguntar: afinal o sistema é de geração espontânea? E é esse sistema de geração espontânea o responsável por todos os actos

de governação até agora?

O Sr. Carlos Carvalhas (PCP): - É preciso ter lata!

partidário. Não é mais do que a outra face da mesma moeda, não são mais do que duas realidades da mesma essência de socialismo e de esquerda, não poderão conduzir, por isso, a qualquer alteração profunda da vida política portuguesa.

Vozes do CDS: - Muito bem!

Aplausos do CDS.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Hasse Ferreira.

Mas não se pode omitir nem escamotear que, no caso português, essa crise da esquerda enxerta numa crise mais profunda. Enxerta numa crise estrutural da economia portuguesa, numa crise que, se por um lado é devida a factores exógenos da Europa Ocidental, tem por outro lado factores específicos da sociedade portuguesa, crise para cujo agravamento muito contribuíram, designadamente, os 2 últimos governos em que VV. Ex.as participaram, para já não falar do antigo regime, que é uma problemática sensível e que neste momento não valerá a pena abordar, para não perder os 3 minutos do meu pedido de esclarecimento.

O Sr. Nogueira de Brito (CUS): - Dos governos provisórios temos as mãos limpas!

O Sr. Soares Cruz (CDS): - Isso nem parece seu!

O Orador: - Esta parece minha, Sr. Deputado Soares da Cruz, porque se V. Ex.ª não está convencido disto visite o nordeste de Inglaterra, visite as velhas zonas têxteis de Manchester, visite a Escócia e veja qual é a percentagem de desemprego, que aí passa os trinta e tal por cento e em que o desemprego juvenil ultrapassa os 70 % nalgumas zonas. Se V. Ex.ª não conhece, visite a Grã-Bretanha e verifique o que se passa e, o resultado das aplicações da maravilhosa Madame Thatcher que, no entanto, tem um programa que VV. Ex.as não têm, a não ser que o vosso governo-sombra - caso não passe tanto tempo à sombra, como o meu camarada Octávio Cunha há dias desejava o venha aqui apresentar.

Portanto, para resumir, nós aceitamos a crise da esquerda, o que não entendemos é que V. Ex.ª se rebele por existir uma discussão no seio da esquerda.