tica política coerente, um instrumento de mobilização, que deve disciplinar, coordenar e orientar a organização económica e social do País, de acordo com a Constituição da República.
Vozes do PCP: - Muito bem!
O Orador: - Basta de política de direita - isto é com o PS -, de desregulamento. Basta de irracionalidade. A elaboração da plano anual e do plano a médio prazo é urgente.
Os Srs. Deputados do CDS do PSD e do PS que se fingem distraídos -, partidos que se têm sucedido no Governo, têm ideia da dilapidação de meios e riqueza, como, por exemplo, o que se tem passado no campo do desplaneamento dos investimentos?
Como justificam que o governo Mota Pinto tenha decidido avançar com a expansão da Siderurgia do Seixal e que hoje se encontrem mais de 20 milhões de contos comprometidos, material encaixotado a deteriorar-se, enquanto o PS e o PSD enterram o Plano Siderúrgico Nacional?
Como explicam que se tenha hoje quase o arrancar de uma central termoeléctrica em Sines a carvão, sem sequer se terem iniciado as obras do porto mineraleiro, sem se saber como vão ser abastecidas as termoeléctricas? Os deputados do PS conhecem o caso.
Como justificam que se tenha encomendado ainda mais recentemente: o nosso país necessita de «ultrapassar um certo pendor para deixar agir o acaso e intervir apenas o improviso»...
Pois bem, passemos então das palavras aos factos, publique o Governo o Plano para 1984, tal como está obrigado.
O nosso projecto e a urgência têm assim pleno cabimento. Trata-se de a Assembleia da República fixar com urgência uma data para a publicação do Plano de 1984 e do plano anual.
Se querem ser coerentes, Srs. Deputados, concedam a urgência e aprovem o projecto de lei do PCP para que se conheçam e possam ser controlados os meios que o Governo utiliza para combater o acaso, o improviso, a irracionalidade económica e financeira.
Aplausos do PCP e do MDP/CDE.
O Sr. Carlos Lage (PS): - Sr. Presidente, peço a palavra para formular pedidos de esclarecimento.
O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, o PCP já não dispõe de tempo para poder responder, o que, aliás, não impede que V. Ex.ª formule o seu pedido de esclarecimento.
O Sr. Carlos Lage (PS): - Então desisto de o formular, Sr. Presidente. Aliás, creio que o Sr. Deputado Carlos Carvalhas iria ter muita dificuldade em responder-me ...
O Sr. Carlos Carvalhas (PCP): - Se o PS me conceder l minuto do seu tempo, responderei à sua pergunta, Sr. Deputado.
O Sr. Carlos Lage (PS): - Então espero que o Sr. Deputado me responda no mesmo tempo que eu utilizar no pedido de esclarecimento.
O Sr. Carlos Carvalhas (PCP): - Com certeza, Sr. Deputado.
O Sr. Carlos Lage (PS): - Sr. Deputado Carlos Carvalhas, o meu pedido de esclarecimento é o seguinte: o CDS fez aqui uma intervenção em que proeurou demonstrar que a culpa da situação nacional é da esquerda, ou seja, disse: «Basta à esquerda!» Porém, o Sr. Deputado Carlos Carvalhas agora disse-nos: «Basta de política de direita!»
Então, como é que explica o paradoxo, Sr. Deputado?
O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Carlos Carvalhas, como V. Ex.ª sabe, o seu partido não dispõe de tempo para responder.
O Sr. João Corregedor da Fonseca (MDP/CDE): - Sr. Presidente, dá-me licença?
O Sr. Presidente: - Para que efeito, Sr. Deputado?
O Sr. João Corregedor da Fonseca (MDP/CDE): - Sr. Presidente, é para comunicar a V. Ex.ª e à Câmara que, se o Sr. Deputado Carlos Carvalhas não gastar mais de 2 minutos a responder aos pedidos de esclarecimento -porque eu também quero usar da palavra -, concedo-lhe esse tempo dos 5 minutos de que o meu partido dispõe.
O Sr. Carlos Lage (PS): - Sr. Presidente, mantenho a sugestão que tinha feito, ou seja, a de que o Sr. Deputado Carlos Carvalhas, descontando no tempo do PS, responda ao meu pedido de esclarecimento no mesmo tempo que eu gastei a formulá-lo.
O Sr. Presidente: - Então, para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Carvalhas.
O Sr. Carlos Carvalhas (PCP): - Sr. Deputado Carlos Lage, o Sr. Deputado do CDS que fez aquela intervenção não conhecia a direita e a esquerda. Aliás, até houve quem sugerisse que trouxesse uma pedra na mão, como na tropa.
Porém, o que é certo é que quem esteve no Governo durante estes últimos anos foi o PS, o PSD e o CDS, todos eles a fazerem uma política de direita.
O PS dizia que ia fazer um socialismo para os anos 80; agora o Sr. Primeiro-Ministro diz que é