Finalmente, considero que do sucesso ou insucesso do Governo e da coligação depende, em grande medida, o sucesso ou insucesso do sistema democrático português.
Vozes do PS e do PSD: - Muito bem!
O Orador: - E depende do Sr. Primeiro-Ministro, mais uma vez, a missão simultaneamente difícil e exaltante de encarnar as esperanças dos Portugueses e as aspirações nacionais.
Isto anda frequentemente esquecido por quem se diverte nos mais diversos torneios verbais ou nas clássicas, mas nem sempre nobres, manobras políticas.
Por isso termino como iniciei este conjunto de questões. Para governar com seriedade, coerência e firmeza na prossecução dos interesses nacionais, o Sr. Primeiro-Ministro e o Governo contam com o nosso inteiro apoio e empenhamento.
Dizemos não ao cepticismo e ao derrotismo, e sim à acção inteligente e à coragem moral.
Aplausos do PS e do PSD.
O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
Informo-o de que V. Ex.ª dispõe de 79 minutos, incluindo o tempo para o debate.
O Sr. Primeiro-Ministro: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Tenho de ser, obviamente, sucinto, visto que gostaria muito que neste debate vários ministros tivessem ainda ocasião de intervir.
De qualquer maneira, não quero deixar sem resposta algumas das perguntas que me foram dirigidas, ainda que tenha de dizer que praticamente da parte das duas oposições não me foram feitas propriamente perguntas, mas antes comentários. Comentários que, aliás, não adiantam muito ao debate, na medida em que se inserem na lógica do seu próprio papel.
O Sr. Amónio Lacerda (PSD): - Muito bem!
O Orador: - A posição do Sr. Deputado Lucas Pires em toda a sua intervenção -e eu tenho pena que ele não esteja aqui presente neste momento, porque lhe queria responder um pouco à letra, mas vou dispensar-me de o fazer, justamente porque ele não se encontra aqui- foi, de facto, no sentido de chamar a atenção para a espuma política das coisas, e não para aquilo que eu gostaria que fosse um debate sobre uma moção de confiança ao Governo.
Julgo que, com alguma seriedade, a Assembleia compreendeu que vim aqui em nome do Governo, de uma maneira honesta, pôr os problemas que estamos a fazer...
O Sr. Jorge Lemos (PCP):- Estão, estão. Problemas estão a fazer muitos!
portanto, permito-me também, modestamente, dar uma opinião sobre ele -, é um bom entertainer político ...
Aplausos do PS e do PSD.
..., que, efectivamente, ocupa cora espírito, com graça, com a-propósito uma boa meia hora depois de um almoço, mas não desceu (o que lamento) aos problemas que o devem preocupar -e com certeza que preocupam o partido que aqui representa - e que têm a ver com as grandes questões nacionais.
Sabe-se que há bloqueamentos efectivos na sociedade portuguesa e sabe-se qual foi o ponto de partida, E a questão que se põe é só esta: estamos a tentar ultrapassar esses bloqueamentos e encontrar saídas para o País? Sim ou não? Por que sim ou por que não?
Esse é o debate fundamental. O que é fundamental não é saber se houve remodelação ministerial ou não ...
O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Isso não interessa!?
O Orador: - ..., se é um grande fardo ou não eu ser Primeiro-Ministro, se o Ministro do Comércio fez ou não uma autocrítica pública. E também não é, indo à babugem da comunicação social, àquilo que se diz, às frases de circunstância, fazer a propósito disso uma intervenção.
O Sr. Deputado Lucas Pires disse que o Governo se limitava a palavras. Ora, justamente podia dizer que a intervenção do Sr. Deputado, sinceramente o digo e com tristeza, foi somente uma intervenção de palavras.
Aplausos do PS e do PSD.
Se o CDS tem efectivamente, como diz ter uma alternativa e quer ser considerado como uma alternativa, pois que o diga e que diga quais são as soluções em questões concretas. É que nós tratamos aqui de tantas questões concretas, desde a política externa à política de defesa, à política agrícola, à política industrial, à política de comércio, às questões financeiras, à questão das empresas públicas, à questão das rendas e da habitação, e sobre isso o Sr. Deputado não disse nem uma palavra. São questões que parece que não têm qualquer importância e que só o que interessa é a babugem política ou, melhor dito, politiqueira.
Uma voz do CDS: - Não sabe o que está a dizer!
O Orador: - Gostaria que o debate tivesse outro nível, mas lamento que o não tenha tido.