falou uma vez no Estado totalitário e a quem eu gostaria de pedir que tivesse um bocadinho mais de pudor quando fala em Estado totalitário.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Só um bocadinho mais de pudor! Só um bocadinho.

O Sr. Rogério de Brito (PCP): - Qual é? É a dose que lhe falta a si?!

O Orador: - Não lhe ficaria mal porque nós todos acerca disso sabemos alguma coisa.

Também falou da manipulação da comunicação social. Também aí eu gostaria que a Sr.ª Deputada tivesse um bocadinho mais, um grãozinho mais, de ponderação, lembrando-se do ano de 1975 e do que os senhores fizeram nessa época.

O Sr. Rogério de Brito (PCP): - Coitadinho!

O Sr. Carlos Carvalhas (PCP): - Que anjinho!

O Orador: - Relativamente àquilo que os senhores disseram, e parece que com apoio da vossa bancada, acerca da visita do Primeiro-Ministro Botha e do racismo, gostaria de saber se essa manifestação também se aplica em relação aos nossos povos fraternos de Moçambique, que acabam de fazer o acordo N'In-komati, e se aplica também em relação aos nossos irmãos de Angola, que também, que eu saiba, estão a negociar com a África do Sul.

Protestos do PCP.

Também já agora não resisto a dizer mais alguma coisa: é que eu estava à espera, sinceramente estava à espera, que os Srs. organizassem uma demonstraçãozinha acerca do Botha, e nem disso foram capazes. Estão muito por baixo!

Aplausos e risos do PS e do PSD.

Vozes do PCP: - Não diga asneiras!

O Orador: - Não quero tomar tempo à minha bancada, há muitos outros pontos que podem ainda ser referidos durante o debate relativamente a perguntas que os Srs. Deputados me fizeram, mas eu fico-me por aqui. Depois, ainda voltarei a falar.

Aplausos do PS e do PSD.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, está encerrado o período de abertura. Contudo, estão inscritos os Srs. Deputados Azevedo Soares, Helena Cidade Moura, João Corregedor da Fonseca e Lucas Pires. Pergunto ao Sr. Deputado Azevedo Soares para que efeito se inscreveu.

O Sr. Azevedo Soares (CDS): - Sr. Presidente, era simultaneamente para um protesto e para o exercício do direito de defesa. No entanto, agradecia ao Sr. Presidente que transferisse a palavra para o Sr. Deputado Lucas Pires, que entretanto chegou, pois a resposta do Sr. Primeiro-Ministro foi-lhe dirigida directa e pessoalmente a ele.

O Sr. Presidente: - Mas, Sr. Deputado, neste período de introdução da discussão da moção de confiança, não há lugar a protestos.

O Sr. Nogueira de Brito (CDS): - Mas há lugar a pedidos para o exercício do direito de defesa!

O Sr. Presidente: - Se for o caso!

O Sr. Lucas Pires (CDS): - Sr. Presidente, tanto quanto me foi relatado das palavras do Sr. Primeiro-Ministro, julgo que tenho direito a exercer o direito de defesa.

O Sr. Primeiro-Ministro, nesta Sala, ...

O Sr. Presidente: - Tem V. Ex.ª a palavra, Sr. Deputado.

Risos do PS.

O Sr. Lucas Pires (CDS): -O Sr. Primeiro-Ministro, nesta Sala, opôs juízos pessoais a juízos políticos e nós não estávamos à espera disso por parte do Sr. Primeiro-Ministro ...

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Muito bem!

O Orador: -..., embora seja um triste sintoma político o facto de o Sr. Primeiro-Ministro, Dr. Mário Soares, em quem as pessoas estão habituadas a ver uma pessoa serena, ter perdido a serenidade!

Vozes do PS: -Ah!...

O Orador: - É um perigoso tique, um perigoso tique da política, opor juízos pessoais a juízos políticos e considerar que os discursos da oposição são uma forma de entretenimento.

O Sr. Gomes de Pinho (CDS): - Muito bem!

O Orador: - Julgo que é importante salientar isso, embora seja um elogio ouvir do maior entertainer político do País a consideração de que alguém é entertainer político!

Aplausos do CDS.

Portanto, Sr. Primeiro-Ministro, se não respondi a questões concretas foi apenas para estar de acordo com aquilo que pediu no seu próprio discurso.

«Não peço um juízo de valor sobre este ou aquele departamento, sobre este ou aquele membro do Governo, dada a subjectividade que sempre acompanha tal espécie de apreciações. Peço um juízo global», disse V. Ex.ª, e foi isso que eu fiz, Sr. Primeiro-Ministro.

Assim, quero pedir-lhe para não se rir antes do tempo porque pode ter a certeza de que quem rir por último será quem rirá melhor!

Aplausos do CDS.

O Sr. Presidente: - Tem V. Ex.ª a palavra. Sr. Primeiro-Ministro.

O Sr. Primeiro-Ministro: - Bem, vou responder muito brevemente.