O Orador: - A anarquia comandada lançou ondas de irresponsabilidade e de reivindicações impossíveis de satisfazer;
Vozes do PCP: - Ai que horror!...
O Orador: - A ocupação selvagem de terras e empresas, seguidas da sua descapitalização;
Vozes do PCP: - Ai que horror!...
O Orador: - O assalto a lugares importantes da administração por parte de pessoas que boicotam o próprio regime;
Vozes do PSD: - Muito bem!
O Orador: - O vexame a técnicos qualificados que tiveram de se ausentar do País;
Vozes do PCP: - Coitadinhos!
O Orador: - Nacionalizações sem nenhuma razoabilidade no plano económico;
A fuga de capitais;
A agitação permanente que conduz à instabilidade política e governativa e à pouca confiança do investidor privado;
A forma como foi feita a descolonização que lançou em Portugal centenas e centenas de milhares de cidadãos, carecidos de emprego, de habitações e de auxílios;
Aplausos do PSD e de alguns Srs. Deputados do PS.
O Sr. Jorge Lemos (PCP): - O Marcelo fazia melhor!
O Orador: - A existência de contrapoderes no Estado; certa comunicação social ao serviço da agitação e do sensacionalismo.
Estes alguns aspectos que agravaram de modo gritante a crise portuguesa.
Aplausos do PSD e de alguns Srs. Deputados do PS.
O actual Governo, constituído por razões patrióticas e democráticas, iniciou a inversão da situação encontrada. O que tem feito foi já explicitado na intervenção do Sr. Primeiro-Ministro. Entende o Governo, porém, que importa dinamizar a sua acção.
O País necessita de corrigir, sem complexos, as acções atrabiliárias -e seus efeitos danosos- tomadas nos dias mais críticos da escalada gonçalvista, acções tomadas visando não o progresso do País, mas a introdução de uma infra-estrutura económica, suporte de um Estado totalitário. O PSD -membro da coligação na qual obviamente, tal como o seu parceiro, se não desnatura - pelo seu programa advoga a subordinação do poder económico ao poder político, mas na perspectiva de uma economia posta ao serviço da comunidade e não ao serviço de uma nova classe, de uma nomenclatura que, dizendo-se não detentora de meios de produção, os utiliza, na prática, de forma discriminatória. O PSD no seu programa advoga a subordinação do po der económico ao poder político, mas não para destruir, antes para defender o regime democrático.
Vozes do PSD: - Muito bem!
O Orador: - Numa palavra, temos de corajosamente, sem complexos e sem inibições, considerar o 11 de Março não um avanço no sentido da democracia, mas a antecâmara de um regime totalitário.
Aplausos do PSD e de alguns Srs. Deputados do PS.
Se o assumirmos tal como ele foi, sem esforço reconheceremos que desmontá-lo é um dever da democracia, de que os trabalhadores são e serão sempre os primeiros beneficiados.
O Sr. António Mota (PCP): - Olhe quem fala!
Aplausos do PSD e de alguns Srs. Deputados do PS.
...importa sublinhar, uma vez mais, que se trata de, no respeito da letra e do espírito dos acordos, ...
O Sr. José Magalhães (PCP):- E a Constituição?
O Orador: -..., que fundamentam a coligação, dar mais rápida execução ao já legislado, rectificar certas condutas, dinamizar a acção da maioria governamental e parlamentar, acelerar a concretização de medidas já em gestação.
O Sr. Manuel Moreira (PSD): - Muito bem!
O Orador: - Mas que reformas se devem empreender?
Temos de ser consequentes na prossecução de todas as medidas tendentes ao reforço da autoridade do Estado democrático, para que não mais se confunda) democracia com anarquia ou com licenciosidade. Só assim a democracia se prestigia aos olhos do cidadão e defende coerentemente os seus próprios princípios.
A esta luz importa acelerar a implementação correspondente a projectos já elaborados, tais como o Serviço de informações e a Lei da Segurança Interna para defender o Estado democrático e a segurança dos cidadãos. Do mesmo modo, importa acelerar as medidas aptas a defender a sociedade contra o crime e a delinquência.