-Primeiro-Ministro e esquecendo-se também de que já foi o Primeiro-Ministro de um governo de iniciativa do Presidente Ramalho Eanes.

Uma voz do PSD: - Lá vem essa!

Vice-Primeiro-Ministro, se compreenda o desespero com que o Sr. Primeiro-Ministro respondeu ao presidente do CDS, pois a intervenção do nosso partido neste debate veio impedir que o Sr. Primeiro-Ministro e o Sr. Vice-Primeiro-Ministro transformassem esta moção de confiança numa conversa em família com a sua própria maioria.

Finalmente, Sr. Vice-Primeiro-Ministro, queria colocar-lhe esta questão: era a este discurso que o Sr. Primeiro-Ministro se referia outro dia na televisão ao falar em problemas no interior da coligação?

Aplausos do CDS.

O Sr. Presidente: - O Sr. Vice-Primeiro-Ministro pretende responder já ao pedido de esclarecimento formulado ou no fim de todos os outros que lhe vão ser dirigidos?

O Sr. Vice-Primeiro-Ministro: - Respondo já. Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Tem V. Ex.ª a palavra.

O Sr. Vice-Primeiro-Ministro: - Em primeiro lugar, queria repudiar a afirmação, que é da inteira responsabilidade do Sr. Deputado, de que falei na qualidade de líder partidário.

O meu partido é membro da coligação e naturalmente que, pelo facto de exercer funções no Governo, não estou impedido de o referir, embora o tenha sempre feito -como poderá ver através da consulta do texto - em termos daquilo que nós consideramos ...

O Sr. Azevedo Soares (CDS): - Nós quem?

O Orador: - Nós, partido ...

Não, não! Deixe-me acabar! A sua pergunta é impertinente! Dizia que o referi sempre, em termos daquilo que nós consideramos ser uma aportação e uma contribuição em conjugação com o mesmo parceiro, no seio da coligação. Portanto, a sua interrupção agora teve talvez algum sentido de oportunidade no momento, mas veio a revelar-se totalmente inoportuna depois de eu terminar a minha frase.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Em vez de um discurso de Estado, vem-nos fazer um discurso de partido!

O Orador: - Não, não, Sr. Deputado! Não fiz nenhum discurso de partido!

Agora peço aos Srs. Deputados do CDS que resolvam os vossos diferendos internos. Ë que o Sr. Deputado Nogueira de Brito criticou-me por ter estado aqui a apresentar um programa de governo, o que está em contradição com o seu comentário, Sr. Deputado Narana Coissoró.

Aplausos do PSD.

E não permito que me interrompa mais!

Em segundo lugar, o Sr. Deputado disse que estava esclarecido acerca das razões pelas quais tinha sido solicitado o voto de confiança, só que depois distorceu-as completamente. As razões são duas e quem tiver sensibilidade, quem tiver conhecimento ou atribuir valor aos parlamentos, compreende-as. Há agitação nas ruas, há a tentativa de procurar por meios não democráticos derrubar o Governo. O Governo responde no lugar adequado e colocando o problema no lugar adequado.

Aplausos do PS e do PSD.

Esta foi a primeira razão, mas indiquei outra. Não ter valorizado esta só pode vir de quem tem em pouca conta o poder dos parlamentares.

Finalmente, não me deixarei arrastar para a sua tentativa subtil de criar fricções ou contradições entre a minha intervenção e a intervenção do Sr, Primeiro-Ministro. Disse claramente, nas minhas palavras, que aquilo que o Governo aqui vem afirmar e sobre o qual pretende que seja emitido o juízo de confiança, numa perspectiva de futuro, não corresponde a exigências renovadas ou a qualquer novo programa de governo, mas está contido no acordo e no protocolo que serve de base à actual coligação e que é público. Trata-se de acelerar o ritmo de concretização de medidas, que já estão, aliás, em gestação.

Aplausos do PS e do PSD.

O Sr. Presidente: - Para formular um protesto, tem a palavra o Sr. Deputado Azevedo Soares.

O Sr. Azevedo Soares (CDS): - Sr. Vice-Primeiro-Ministro e Ministro da Defesa Nacional, V. Ex.ª fala com grande convicção ...

Risos do PCP.

Vozes do PSD: - Ainda bem!

O Orador: -.... mas se está tão preocupado com a agitação, perturbação e terrorismo seria melhor que