agisse enquanto Ministro e que o Governo tomasse medidas necessárias para combater esses males, em vez de vir à Assembleia pedir esse apoio. Julgo que ninguém lho negaria para isso, pelo que é perfeitamente descabido e desnecessário vir aqui pedir esse apoio. Isso só pode significar que o Governo esteve durante 1 ano quieto, sem olhar a essas questões.
Mas, se assim não é -e não estou minimamente interessado em fazer clivagens entre V. Ex.ª e o Sr. Primeiro-Ministro ...
Vozes do PS e do PSD: - Não parece!
a atitude de devolução à Assembleia da incapacidade do próprio Governo em resolver os seus problemas internos que o próprio Parlamento e a vida democrática se dignificam. Compreendo que possam ter essas dificuldades, mas tenham, pelo menos, a coragem de o revelar e de assumir, nesta Câmara, que estão aqui a renegociar o vosso próprio acordo.
Vozes do PSD: - Disparates!
O Sr. Presidente: - Deseja contraprotestar, Sr. Vice-Primeiro-Ministro?
O Sr. Vice-Primeiro-Ministro e Ministro da Defesa Nacional: - Sr. Presidente, não quero contraprotestar porque acho que se trata de uma utilização abusiva dessa figura regimental. O Sr. Deputado Azevedo Soares não protestou nada; fez um discurso e, portanto, não vou enveredar pela via do contraprotesto.
Aplausos do PS e do PSD.
O Sr. Presidente: - Para formular um pedido de esclarecimento, tem a palavra a Sr.ª Deputada Zita Seabra.
A Sr.ª Zita Seabra (PCP): - Sr. Vice-Primeiro-Ministro e Ministro da Defesa Nacional, V. Ex.ª tem uma triste sina: sempre que fala ao País, vem dizer em péssimo o que já tinha sido dito pelo Sr. Primeiro-Ministro em mau. Fez isso na conferência de imprensa de há dias, na televisão, em que o Sr. Primeiro-Ministro dizia «A» e o Sr. Vice-Primeiro-Ministro, logo a seguir, dizia «A, A»! ...
Risos do PCP.
... e hoje fez o mesmo nesta Assembleia. Não será possível, pelo menos, dividirem áreas lá em casa e um discutir uma coisa e o outro outra, para não darem esta triste imagem de um Vice-Primeiro-Ministro, em bicos de pés ...
Aplausos do PCP.
... a dizer que lá em casa também manda? É porque essa é a prova mais evidente de que tal não sucede, Sr. Vice-Primeiro-Ministro!
A questão que lhe quero colocar é a seguinte: cada vez que fala, já desde a campanha eleitoral e desde que lhe ouço discursos, o Sr. Vice-Primeiro-Ministro fala de desordem, de ordem, de autoridade, tem essa obsessão, tem essa cassette ...
Vozes do PCP: - Muito bem!
Risos do PS, do PSD, do CDS e da ASDI.
A Oradora: - ... e, pelos vistos, os deputados do seu partido deliram com a sua cassette. É lá com eles!
Risos do PS, do PSD, do CDS e da ASDI.
Mas o Sr. Vice-Primeiro-Ministro, nessa cassette, mistura sempre os direitos legítimos que, em democracia, os cidadãos tem de protestar, de se opor, de discordar e de lutar pelos seus direitos, com a agitação. Ainda há bocado falava, no seu discurso, em agitações e acções de rua. Mistura sempre isso com as acções ilegais, que não cabem no quadro constitucional. Ora, aquilo que o Sr. Vice-Primeiro-Ministro ataca e mistura deliberadamente constitui o direito legítimo dos cidadãos a exercerem o seu protesto e a lutarem contra este Governo, inclusive pela sua queda, porque, em democracia, é legítimo lutar pela queda de um Governo com o qual se discorda ...
Vozes do PCP: - Muito bem!
A Oradora: - .. é legítimo que uma manifestação grite «Governo rua!».
Vozes do PCP- - Muito bem!
Protestos do PS e do PSD.
A Oradora: - Isto é legítimo no quadro constitucional e em democracia.
Vozes do PCP: - Muito bem!
A Oradora: - O Sr. Vice-Primeiro-Ministro não entende isso.
V. Ex.ª falava aqui na defesa das pessoas e bens. E a defesa das pessoas e bens das empresas que têm os salários em arraso? Nem uma palavra foi proferida sobre estas. Ê ilegal ter os salários em atraso e, quando, por exemplo, os trabalhadores da Lisnave vêm a Lisboa protestar, como sucedeu há dias, a polícia prende-os e espanca-os dentro da esquadra da polícia ...
O Sr. Manuel Lopes (PCP): - Isso faz parte das liberdades!