O Sr. José Luís Nunes (PS): - Para exercer o direito de defesa, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Tenha a bondade.

O Sr. José Luís Nunes (PS): - Agradeço-lhe as suas palavras, Sr. Deputado Gomes de Pinho, mas quando fez a afirmação que fez, dizendo que na minha pergunta estava a resposta, pareceu a qualquer observador menos avisado que o Sr. Deputado entendia que o Governo estava subordinado a uma autoridade que o superava e que, como na minha pergunta estava resposta, eu faria parte dessa autoridade. Vejo, no entanto, que assim não foi. Agradeço-lhe o esclarecimento que, como vê, tinha razão de ser.

O Sr. Gomes de Pinho (CDS): - Peço a palavra, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. Gomes de Pinho (CDS): - É evidente que eu não imaginava que o Sr. Deputado José Luís Nunes fosse a alta autoridade que dominava o Governo.

O Sr. José Luís Nunes (PS): - Se eu não sou a alta autoridade, está bem!

O Sr. Ministro de Estado e dos Assuntos Parlamentares: - Sr. Presidente, peço a palavra.

O Sr. Presidente: - O Sr. Ministro de Estado pede a palavra para que efeito?

O Sr. Ministro de Estado e dos Assuntos Parlamentares: - Sr, Presidente, já passei aqui um tempo na Assembleia mas não sei bem que figura regimental vou usar. Se outra não for, usarei a figura regimental do direito de defesa do Governo.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, Sr. Ministro.

O Sr. Ministro de Estado e dos Assuntos Parlamentares: - Eu não tinha ligado muita importância à afirmação que tinha sido feita de que haveria uma entidade misteriosa que estava a tutelar o Governo por detrás dele. Mas, depois das explicações que o Sr. Deputado veio dar, começo a acreditar que a afirmação é grave.

Vozes do PS: - Gravíssima!

O Orador: - Tenho que lhe pedir, por favor, que não seja equívoco nem misterioso e que diga claramente, perante o País, qual é a autoridade que tutela o Governo, se estamos sobre algum susto de alguma coisa ou de alguém ou se há algum poder misterioso que nos tutela e vincula.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Gostaria de saber por que tudo isso soa a tão falso, a tão injustificado que ou o Sr. Deputado está profundamente enganado ou quer, gratuitamente, insultar o Governo pela segunda vez, já que da primeira vez não quis.

Aplausos do PS e do PSD.

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra, se o desejar, o Sr. Deputado Gomes de Pinho.

O Sr. Gomes de Pinho (CDS): - Sr. Ministro, com toda a consideração que tenho por si e pelo Governo que aqui representa, vejo-me na obrigação de lhe dizer que responderei a essa pergunta na primeira oportunidade. Hoje é-me completamente impossível.

Protestos do PS e do PSD.

O Sr. Manuel Moreira (PSD): - Então não devia fazer essa afirmação!

O Sr. Montalvão Machado (PSD): - Peço a palavra, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Para que efeito, Sr. Deputado?

O Sr. Montalvão Machado (PSD): - Sr. Presidente, é para um protesto em relação à afirmação que acaba de ser feita pelo Si. Deputado Gomes de Pinho.

O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. Montalvão Machado (PSD): -... interpelava o Sr. Deputado Gomes de Pinho para que nos dissesse, aqui e agora, por que é que neste momento não pode dizer quem é essa autoridade.

Vozes do PSD e do PS: - Muito bem!

O Orador: - A acusação é gravíssima para o Governo e para todos os portugueses.

Aplausos do PSD e do PS.

Uma voz do PS: - Ou então é demagogia!

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, nós estamos a sair exageradamente do Regimento e eu não quero ser criticado por esta Assembleia por esse facto. Daí que -e porque me custa, eventualmente, ter de cortar a palavra a qualquer Sr. Deputado- pedia aos Srs. Deputados o favor de não sairmos demasiadamente das regras regimentais.

O Sr. Deputado Lopes Cardoso pediu a palavra para que efeito?

O Sr. Lopes Cardoso (UEDS): -Para interpelar a Mesa, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. Lopes Cardoso (UEDS): - A minha interpelação vai no seguinte sentido: compreendo, por um lado, as limitações do Sr. Deputado Gomes de Pinho quanto a poder dar uma resposta, dadas as limitações de tempo, por outro lado, compreendo a importância que teria se este incidente ficasse perfeitamente esclarecido.

O Sr. Manuel Moreira (PSD): - Muito bem!

O Orador: - A sugestão que faria à Câmara ia no sentido de que se concedesse ao Sr. Deputado Gomes