Parlamento, pouco usual provindo de um deputado do maior partido desta maioria.
O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Sottomayor Cardia.
O Sr. Sottomayor Cardia (PS): -Sr. Deputado José Vitorino, acerca das considerações que fez sobre a minha intervenção, muito sucintamente, dir-lhe-ei, em primeiro lugar, que não estou descontente, porque, naturalmente, se o estivesse não estaria aqui ou então ficaria calado.
É precisamente porque estou confiante que decidi dizer aquilo que disse. De outro modo não falava!
O que disse traduz, na verdade - e agradeço a oportunidade de me permitir que o sublinhe-, uma posição pessoal. Não traduz nem a posição do Partido Socialista, nem tão-pouco a posição do nosso grupo parlamentar.
Mas afigura-se-me que, em certas circunstâncias, é razoável que possam ser feitas reflexões com preocupação de objectividade -mas quem pode pretender objectividade? -, sobretudo quando o que está em causa é, porventura, rever alguns métodos de trabalho e encontrar um caminho, no fundo, mais simples, no fundo, mais político e mais consentâneo com aquilo que o País de nós pede e que é, muito simplesmente, legislar o melhor possível e governar o melhor possível!
Não se me afigura que seja despropositado aqui no Parlamento que um deputado faça uma reflexão sobre esta matéria! Eu não tenho o hábito -e não só não tenho o hábito, como nunca o faço- de dizer em surdina coisas que não quero referir em público, e entendo que, quando uma coisa me parece relevante, devo referi-la em público!
Vozes do PS: - Muito bem!
O Orador: - Não gosto de dizer coisas em surdina, gosto de as dizer em público!
Não penso que tenha uma grande inclinação parlamentar, mas tenho, talvez, outros horizontes na minha atitude pessoal perante a vida que me levam a «pisar o risco» ou a «cometer infracções», como esta que, porventura, aqui terei praticado.
Mas, Sr. Deputado José Vitorino, quem me poderá atirar a primeira pedra, não direi em matéria de intervenções explícitas aqui no Parlamento mas em declarações igualmente públicas ...
O Sr. César Oliveira (UEDS): - Muito bem!
O Orador: - ... que, até por não serem feitas no Parlamento, mais facilmente podem ser deformadas e, por isso, mais facilmente também podem receber interpretações tendenciosas?
Vozes do PS e da UEDS: - Muito bem!
ministérios, mas o governo é uma totalidade!
Quando sublinhei que tendo conhecimento de certas políticas elas me parecem dignas de uma referência valorativa, eu falei de políticas e não de ministros, de modo que as apreciações feitas não se referem a pessoas mas sim - tanto as referências como as omissões - apenas a políticas.
Vozes do PS e da UEDS: - Muito bem!
O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado José Vitorino pediu a palavra para que efeito?
O Sr. José Vitorino (PSD): - Para um brevíssimo protesto, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente: - Tem a palavra, Sr. Deputado.
O Sr. José Vitorino (PSD): - Sr. Deputado Sottomayor Cardia, registo antes de mais que a sua posição é pessoal e não do seu partido.
Em relação à reflexão a que procedeu, o Sr. Deputado considerou que este era o momento ideal para a fazer. Bom, eu não considero assim, pois penso que o momento ideal para ter suscitado esta reflexão talvez fosse uma daquelas reuniões conjuntas que os grupos parlamentares do PS e do PSD fazem, de modo a que conduzisse a uma ponderação mais alargada entre todos nós.
Creio que não se teria perdido nada numa reflexão dessa ordem!
O Sr. Manuel Moreira (PSD):- Muito bem!
O Orador: - Quanto a rever métodos de trabalho, o Sr. Deputado diz que não descrê, de modo que a pergunta que lhe formulo é esta, muito simples: concorda, de facto, com as linhas de acção que o Sr. Primeiro-Ministro aqui hoje enunciou para o futuro ou não?
O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Sottomayor Cardia.
O Sr. Sottomayor Cardia (PS): - Repare, Sr. Deputado José Vitorino, que fiz toda a minha intervenção a dizer que o essencial é discutirmos no concreto.
Não sei se alguém estará total e plenamente de acordo com tudo o que outra entidade pode dizer! O que se deve é discutir as questões precisas e não perguntar se se está de acordo com o discurso desta ou daquela pessoa!