pondeu ela própria às perguntas que me formulara. Por isso, nada adiantarei ao que ela disse, a não ser num aspecto que talvez tenha faltado, como outros, à minha intervenção.

Na área da cooperação com os países africanos de expressão portuguesa há que ter em conta as necessidades de preparação dos professores.

Mas e, do mesmo modo, urgente fazer com que o livro circule, com que os autores da língua portuguesa, nascidos em Lisboa, no Maputo, em Luanda ou em qualquer parte onde esta língua se fale, sejam conhecidos de todos nós. Isto é, há uma série de mecanismos, em si mesmo interdependentes, que, associados, talvez não se afigurem bastantes para pôr cobro a uma clara calamidade como esta a que se assiste.

Não é apenas uma questão dos professores de português; diria, até, que não é essa uma das questões essenciais no domínio que nos ocupa. As medidas têm que ser ainda muitas outras, globais e associadas.

O Sr. Deputado Lemos Damião formulou-me a mesma pergunta e a ela respondi já, a propósito dos problemas suscitados pela Sr.ª Deputada Helena Cidade Moura. Fez igualmente um protesto a propósito de eu não ter referido o empenho proclamado pelo Sr. Ministro José Augusto Seabra no Congresso Internacional da Língua Portuguesa quanto à defesa, por parte do Governo e do seu Ministério, da língua que é de todos nós.

Naturalmente, não tenho de ser eu a fazer-me porta--voz dos actos da maioria, ou de um ministro da maioria, ou, em concreto, do Sr. Ministro José Augusto Seabra. Bem pelo contrário. Só lamento é que, para além dos discursos, não haja o cuidado, na prática, de evitar que eles sejam imediatamente incredibilizados. Foi o que aconteceu com o Sr. Ministro José Augusto Seabra, quando, daquela tribuna, para lá do uso reiterado de apotegmas, o que considera de mau gosto, teve a infelicidade de usar uma expressão inglesa com correspondente na nossa língua numa Câmara política em que todos sabemos falar português e em que todos devemos falá-lo cada vez melhor.

Aplausos do PCP e do deputado do PS Igrejas Caeiro.

O Sr. Lemos Damião (PSD): - Posso interrompê-lo, Sr. Deputado?

O Orador: - Faz favor.

O Sr. Lemos Damião (PSD): - Não sei se o Sr. Deputado se deu conta que cometeu o mesmo erro e o mesmo pecado que o Sr. Ministro da Educação, Professor José Augusto Seabra, cometeu.

problema, tem a ver com a opção e a possibilidade de livremente cada um escrever na língua que entende. Naturalmente que tal prática é justificada por circunstancionalismos de natureza histórica e de natureza cultural. O que se não pode aceitar é que, numa óptica de Estado, quem quer que seja, um Sr. Ministro, um Sr. Secretário de Estado ou uma entidade qualquer, use uma língua estrangeira, o francês ou o inglês, ainda por cima malbaratados - mas esse nem é o caso, que agora releva - (Risos), para se exprimirem, quando devem falar um português escorreito, minimamente estribado numa gramática que, mesmo que não seja totalmente possessiva, seja, digamos, de certo modo de conhecimento rudimentar e genérico.

Vozes do PCP: - Muito bem!

uma vez que sou sensível a não aceitar esse tipo de posições.

Srs. Deputados, concluiria, depois de tudo quanto aqui foi dito, de tudo quanto pudemos ouvir, com uma nova e importante saudação ao Congresso que está a decorrer em Lisboa, onde se encontram personalidades relevantes da cultura portuguesa, professores, estudiosos estrangeiros. Teria tido, também, na minha intervenção muito gosto em falar, por exemplo, dos problemas conectados com o galego - que não pude abordar -, pois sei que uma das mais aplaudidas e significativas intervenções ontem produzidas no Congresso foi exactamente a de uma notável intelectual da Galiza.

Esta saudação que aqui produzo é, a par do alerta, a tradução cabal do empenhamento da minha bancada, que devia ser extensivo a toda a Assembleia no sentido de defender o português como língua oficial e em todos os parâmetros da sua realização.

Aplausos do PCP. da ASDI e de dois deputados do PS.