é a falta de uma direcção política para o País e até de uma ideia para si próprio, é a falta de um horizonte nacional de superação das dificuldades e do interregno que vivemos durante estes 10 anos.

Aplausos do CDS.

É certo que é aqui na Assembleia o único lugar onde este governo ainda parece existir! Mas, fixando-nos bem nele durante estes dias, foi fácil perceber a mistificação que é, ao um de l ano a andar para trás, a tentativa de recomeço de um governo falhado, sem cabeça e de pernas quebradas. É, aliás, Sr.

Primeiro-Ministro, apenas por ter falhado que o Governo hoje aqui está na tentativa de recomeçar a andar sobre o terreno movediço em que ele próprio caiu e fez cair o País.

O Sr. Primeiro-Ministro deve continuar a pensar que estamos a dizer palavras com os ciúmes aliás de quem é um reconhecido especialista nesse domínio. Mas não, Sr. Primeiro-Ministro, e V. Ex.ª sabe-o, apesar da distância e mesmo da arrogância com que por vezes é poder.

É que nunca como hoje em Portugal, e em paz, o pessimismo foi tão grande e a esperança tão pouca, nunca como hoje, em paz, a recessão económica foi tão grave e generalizada, nunca como hoje, em paz, a insegurança pública, a dependência nacional e a crise moral e social da sociedade portuguesa foram tão grandes, e não há quem possa com realidade negar tudo isto.

Vozes do CDS: - Muito bem!

Vozes do PS: - Eh!...

externa sem prévia liberalização interna é a pior liberalização para as empresas portuguesas e que a liberalização avulsa, sem convicção, sem plano geral, importa recaídas como aquelas que se verificaram quanto aos preços de certos bens alimentares.

Falou-se muito de reformas estruturais, sem dúvida. Mas, Sr. Primeiro-Ministro, é a nossa vez de dizer que de reformas estruturais só palavras. Há mesmo um ministro, neste governo, que nos apeteceria nomear de "ministro das reformas estruturais", se não estivéssemos antecipadamente convencidos que seria um simples ministério de palavra.

Quando fala de "reestruturar" já se sabe mesmo que o que este governo vai fazer é criar mais uma estrutura do tipo alta autoridade, do tipo conselho superior ou do tipo instituto nacional, como se os nossos problemas fossem de falta de instituições e não de excesso das mesmas. E agora tais instituições têm sido apenas novas palavras, uma espécie de neologismos, às vezes estrangeirados. Ê o caso do lay-off: foi um grande espectáculo televisivo, que deu ao Ministério do Trabalho alento para 1 ano e para sobreviver a todas as remodelações, mas que o País não teve necessidade até agora de utilizar.

Será que é mais uma vez o País quem tem culpa ou compreende mal as decisões do Governo?

A reforma do serviço militar ensaiada pelo Sr. Ministro da Defesa consiste até agora apenas em aumentar os efectivos que já tínhamos desde o império, acrescentando-lhes a mobilização das mulheres, para que os 75 % dos gastos cora pessoal das Forças Armadas passem a 85 % e o seu equipamento deixe de ser em segunda mão para passar a ter de ser em terceira mão.

A reforma do sector público mereceu a convocação pelo Sr. Ministro da Indústria de todos os gestores públicos, grandes aparatos de informação - um dos maiores acontecimentos literários do ano -, e saldou-se pela criação de mais uma organização pública, que vamos ter de reformar no futuro: o Conselho Interministerial p ara a Reforma do Sector Público.

A reforma do ensino técnico é um ensaio experimentalista disperso, levado a cabo através de algumas novas cobaias juvenis e, tal como está concebido, é apenas destinado a ensinar aos nossos jovens a primeira e não a terceira revolução industrial, o passado e não o futuro.

Aplausos do CDS.

Sr. Primeiro-Ministro, sintomaticamente ou não, a única grande reforma estrutural deste ano de governo e desta maioria é a lei do aborto. E não foram só as reformas que falharam. Ë também a mera gestão corrente que está a romper. O rigor que o Governo quis impor ao País como padrão falhou. O próprio Fundo