no sentido da crítica construtiva, da sineta que se toca e que diz: "Atenção, é preciso arrepiar caminho neste ou naquele ponto, temos de fazer mais e melhor."

Aplausos do PS e do PSD.

E mesmo quando o Sr. Deputado da UEDS vem aqui dizer que irão votar contra, no uso de um direito que é o de qualquer deputado quando a sua consciência lhe diz que deve votar contra, eu devo dizer-lhes que apreciei a circunstância de terem dito que o seu voto contra era, apesar de tudo, o voto da esperança, em completa dissonância em relação ao voto contra de outras oposições.

Quero dizer aos Srs. Deputados que com o seu voto vão exercer um direito e que é dele que depende o futuro deste governo e, porventura, o futuro próximo de Portugal.

Aplausos do PS e do PSD.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Brito para fazer uso do direito de defesa.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Por exemplo, tínhamos posto uma questão, que é gravíssima e que certamente é do maior interesse para todos os portugueses, que é a questão do aparelho produtivo. O Sr. Primeiro-Ministro não foi capaz de o discutir.

Isso é alarmante. Estou a pensar, por exemplo, no Algarve, onde ioda a indústria conserveira está na ruína, está falida. Então isto não é preocupante? Pensem os Srs. Deputados nas vossas regiões, pensem na metalomecânica, pensem na indústria têxtil. Qual é a situação que se está a criar? É assim que se discute isso? É com o Sr. Primeiro-Ministro a dizer que nós sequestramos, que nós, os deputados comunistas, o Partido Comunista sequestra gestores de empresas? Ë assim que se discute?

O Sr. Primeiro-Ministro não é capaz de discutir. Nós podíamos dizer: vamos discutir a situação nas empresas públicas. Que partido em Portugal tem tido mais gestores nas empresas públicas do que o PS ao longo destes 10 anos? Que partido tem tido mais responsabilid ade na gestão das empresas públicas do que o PS?

Podemos discutir isso.

Nós ontem fizémos aqui referência a questões de corrupção. Houve protestos da parte do Governo e nós dissemos que vamos apresentar pedidos de inquérito em relação a todas as questões levantadas, e vamos fazê-lo mesmo! Nós discutimos séria e responsavelmente. O Sr. Primeiro-Ministro faz acusações caluniosas e isso é preocupante. É preocupante não só que o Governo pretenda implementar uma série de leis e de diplomas claramente de excepção e repressivos, como também que o Sr. Primeiro-Ministro se sirva do seu alto cargo - e isto é extremamente grave - para, na televisão e aqui na Assembleia da República, lançar insinuações, acusações, verdadeiras calúnias sobre partidos da oposição, que representam uma parte do eleitorado português, que estão no desempenho do seu estatuto constitucional.

A Sr.ª Ilda Figueiredo (PCP): - Muito bem!

O Orador: - E o Sr. Primeiro-Ministro permite-se dizer que não temos autoridade para criticar o Governo, para falar do aparelho produtivo e de mais questões. Temos, Sr. Primeiro-Ministro. Temos a autoridade que nos dá uma parte importante dos portugueses, que quer que estes deputados comunistas estejam aqui na Assembleia da República para defender a justiça em Portugal, para defender uma solução para os seus problemas.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: - Sr. Primeiro-Ministro, se deseja responder tem a palavra.

Aplausos do PS e do PSD.

O Sr. Carlos Brito (PCP): Peço a palavra. Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Não lhe posso dar a palavra. Sr. Deputado.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Sr. Presidente, é para invocar o Regimento.

O Sr. Presidente: - Diga lá, Sr. Deputado. Vozes do PCP: - Diga lá?!... O que e isto?!...

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Sr. Presidente, não desejo responder ao Sr. Primeiro-Ministro, mas sim