aí não sacrificarei l milímetro. Utilizei sempre e só o método democrático para combater em nome dos meus princípios e das minhas ideias e, portanto, não admito que, para lá disto, alguém tenha alguma suspeita. Que haja proprietários do sector público, muito bem; mas que haja proprietários da democracia, era altura de acabar.

Aplausos do CDS.

O Sr. Igrejas Caeiro (PS):- Não apoiado!

quis exprimir, embora talvez com mais clareza.

Protestos do PS.

Foi-me perguntado qual era a nossa proposta. A nossa proposta está veiculada através do documento que entregámos, em conferencias de imprensa, em colóquios; está concretizada ao nível mais articulado e está explicado numa carta que tivemos o cuidado de enviar aos outros presidentes dos grupos parlamentares. Nem sequer, no sentido parlamentar, estamos a dar um golpe. Tudo isto é preparado, conciliado e apresentado devidamente a tempo e horas. Portanto, julgo que isso não tem sentido.

Sr. Presidente, há uma última explicação que pretendo dar, mas não sei se me é permitido.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Lucas Pires, cortar-lhe-ei a palavra quando esgotar o minuto que o PS lhe deu.

O Orador: - A última explicação refere-se à afirmação de que não chegam as maiorias políticas. O que quis dizer foi que, enquanto a desagregação social aumenta, as maiorias aumentam também para compensar essa desagregação. Mas, como está à vista, ao fim de l ano de Governo, na minha perspectiva - e julgarão que é legítimo essa perspectiva -, essa maior maioria não chegou para resolver esse problema e qualquer maioria, todas as maiorias mesmo as liberais, que têm existido não têm chegado para resolver esse problema.

Por isso é que dizemos: vamos colocar o problema noutra sede, na sede social, na sede da economia, na sede da libertação da sociedade portuguesa. Apresentamos aqui projectos, como o da liberdade da televisão, que vão nesse sentido e acreditamos firmemente que e uma sociedade mais livre e mais pluralista que será mais moderna e mais pacífica em Portugal.

Aplausos do CDS.

O Sr. Presidente: - Para formular um protesto, tem a palavra o Sr. Deputado Almerindo Marques.

O Sr. Almerindo Marques (PS): - Sr. Deputado Lucas Pires, peço mais uma vez a atenção para o seguinte: não pus em causa os direitos da oposição, óbvios, evidentes e fundamentais, de discordar. O que pus em causa foi que a descrição da discordância seja exagerada a tal ponto que o julgamento perca credibilidade. Mas esse problema nem sequer é só meu: é nosso, é dos partidos representados no Parlamento.

O que ficou por esclarecer e o que era importante, no meu entendimento, para dar de facto um contributo a este debate, era saber se, na realidade, tudo quanto o Sr. Deputado acabou por voltar a referir, só será ultrapassado pela revisão constitucional que propõem.

Penso que esta visão é uma visão formalista e manifestamente insuficiente.

O Sr. Lucas Pires (CDS):- Dá-me licença que o interrompa, Sr. Deputado?

O Orador: - Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. Lucas Pires (CDS):- Sr. Deputado Almerindo Marques, admito que realmente me esqueci de resolver essa questão. É óbvio que não considero que a revisão económica da Constituição seja o modo de resolver os problemas da sociedade portuguesa. O que quero dizer é que é uma condição, e a primeira condição, para resolver os problemas da sociedade portuguesa, uma condição sine qua non e, portanto, uma condição fundamental.

O Orador: - Fiquei esclarecido de que era uma condição sine qua non.

No nosso entendimento, não é. Não foram apresentados, até hoje, elementos que demonstrassem a urgência dessa revisão, independentemente, como já foi várias vezes afirmado aqui pelos meus camaradas de bancada, da posição do PS relativamente à visão não dogmática desta ou de qualquer outra Constituição que os portugueses venham a votar e aprovar.

Portanto, o que ó importante é entender o sentido da posição do PS. Não está em causa uma concepção rígida ou bíblica da Constituição. O que está em causa é a oportunidade, o adiar, a criação de álibis para resolver os problemas que existem em Portugal - nesses sim, se calhar, estarei muito de acordo com o Sr. Deputado- mas que, francamente, não se resolvem com a revisão constitucional.

Mais ainda: nem tão-pouco é conveniente que se levante um problema de revisão constitucional, criador de desculpas para quem tem o dever de governar cada vez mais de pressa e melhor para os portugueses.

Aplausos do PS.