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outro lado, que estamos a viver no País neste momento. Mas V. Ex.ª teceu algumas considerações doutrinárias, pelo menos formulou algumas expressões que me fazem pensar que V. Ex.ª tem uma chave boa para os problemas que se estão a aproximar, nomeadamente a discussão e votação da proposta de lei de segurança interna apresentada pelo Governo, assim como do projecto de lei apresentado pelo CDS. A minha pergunta era, pois, esta: V. Ex.ª disse que o terrorismo era antidemocrático, e que ao terrorismo da sociedade, ao terrorismo antidemocrático não se devia contrapor o terrorismo do Estado. 15to leva-me a pensar que, naturalmente, V. Ex.ª tem um conceito, uma definição de fundo do que seja o terrorismo e, em função disso, depois pode classificar determinados actos como terrorismo antidemocrático, ou terrorismo de sociedade, ou terrorismo do Estado, ou terrorismo totalitário, etc. Estes são meros adjectivos em face do substantivo «terrorismo».

Assim, em primeiro lugar, gostaria de perguntar a V. Ex.ª se nos pode esclarecer sobre o conceito que tem de terrorismo para nós sabermos se é do Estado ou não, se é substancial, se é da sociedade, se é dos malfeitores, etc.

Em segundo lugar, perguntar-lhe-ia se classifica o terrorismo das FP 25 de Abril como terrorismo antidemocrático e a operação policial que levou à captura e à detenção de alguns indivíduos como terrorismo de Estado.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado António Taborda, tem a palavra para responder às questões que lhe foram colocadas. Previno-o de que dispõe de 4 minutos.

. Só e tão-só, nada mais do que isto.

Sr. Deputado Narana Coissoró, V. Ex.a, através da minha intervenção, pretendeu ver que eu teria uma chave boa para a questão da lei de segurança interna. Não tenho, infelizmente. 15so a seu tempo será discutido nesta Câmara.

Sobre o que é o terrorismo, suponho que toda a gente tem uma ideia mais ou menos empírica do que ele seja, isto é, uma tentativa de alteração por meios violentos e inadmissíveis da legalidade democrática.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Lopes Cardoso.

O Sr. Lopes Cardoso (UEDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Muitos de vós, Srs. Deputados, terão tido ocasião de ver ontem, como eu tive, na Radiotelevisão Portuguesa, a transmissão de excertos de uma emissão que teve lugar dias antes na Radiotelevisão Francesa sobre a justiça portuguesa.

Porque não se trata de uma televisão qualquer, nem de uma emissão qualquer, mas trata-se de uma das mais importantes emissões da Radiotelevisão Francesa, com uma audição de muitos milhões de telespectadores, entre os quais muitas centenas de milhar de emigrantes portugueses, não queria silenciar-me perante a série de inqualificáveis e inadmissíveis calúnias que foram lançadas sobre a magistratura e advocacia portuguesa durante essa emissão.

Aplausos da UEDS, do PS, do PSD e do CDS.

É evidente que nem os magistrados portugueses, nem os advogados portugueses, como nenhum de nós, Srs. Deputados, está acima ou isento de críticas.

Tão-pouco me importa discutir neste momento se nesse caso concreto, em torno do qual girava a emissão, a advocacia e a magistratura portuguesas serão, porventura, passíveis de críticas. Não é essa a questão.

Admitindo que o sejam - e não estou a afirmar que o sejam, mas tão-só a dizer admitindo que o sejam - ...

O Sr. Narana Coissoró (CDS) - E não é!

O Orador: - ... nem por isso tal facto legitimava a inaceitável generalização que é feita acusando de escroques a maior parte dos advogados portugueses e de corrupta a magistratura portuguesa.

Penso que, para além das críticas de que uns e outros sejam passíveis, a magistratura e a advocacia portuguesas não têm, sobretudo depois do 25 de Abril, lições a receber, de quem quer que seja, nessa matéria.

Aplausos gerais.

Queria, pois, em nome dos deputados da UEDS deixar aqui expresso o meu protesto e também a nossa solidariedade aos magistrados e aos advogados portugueses.

Aplausos gerais.