rados Judiciais, o Sindicato do Ministério Público e o Governo- para que este problema não acabe apenas com declarações literárias de simples repúdio, mas que se prossiga até ao fim, até ser reposta a verdade bem como a honra e a dignidade do povo português.
O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Lopes Cardoso, pretende responder às questões que lhe foram colocadas?
O Sr. Lopes Cardoso (UEDS): - Sim, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente: - Tem a palavra.
O Sr. Lopes Cardoso (UEDS): - Creio que, concretamente, só me foi colocada uma questão. Permita-me, Sr. Presidente, que me congratule, aliás nem outra coisa seria de esperar, pela unanimidade da Assembleia nesta matéria.
A resposta que eu queria dar era à questão concreta que tinha sido levantada pelo Sr. Deputado Narana Coissoró. E responderia fazendo-lhe um outro convite: teria muita honra em subscrever uma resolução desse tipo - e parece-me que há consenso na Assembleia para que ela seja votada -, e perguntaria ao Sr. Deputado Narana Coissoró se ele estaria de acordo e me permitia que, juntamente com ele, subscrevesse essa proposta de resolução.
Aplausos do CDS.
O Sr. Presidente: - Para uma declaração política, tem a palavra o Sr. Deputado Fernando Condesso.
O Sr. Fernando Condesso (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Em 1960, na sua obra História e Utopia, Cioran afirmava:
As virtudes dos bárbaros são sempre celebradas nas épocas decadentes.
Mais tarde, escreveria Pierre Trotignon:
Vivemos numa época moribunda, desenraizada da sua cultura, dilacerada por um cepticismo leucémico, sendo justo que a nossa sociedade morra no incêndio que se prepara.
Nesta perspectiva se inserem certos intelectuais que defendem o terror, institucionalizado, mantido na acção, a justificar a nova história de que seria motor.
Eles tenderiam a produzir um discurso filosófico que servisse de veneno mortal è cultura existente, ligado a uma prática terrorista.
Como diria Sartre, na Crítica da Razão Dialéctica, terror precede e permite o élan revolucionário.
Este metaterrorismo de alguns escritores é, coma o considera Bernard Gros, um activismo utópico, o único que permitiria a revolução permanente, uma espécie de ética drogada, que consistiria em acreditar que as coisas serão porque eles as dizem.
O Sr. Manuel Mendes (PCP): - Que droga!
O Orador: - Escrevendo, eles não aterrorizam, realizam-se ideologicamente porque a «violência dos intelectuais não passa normalmente da teoria, pois se satisfazem na contemplação das afirmações e opiniões que fomentam, que não nos actos».
Poderíamos dizer que para existirem, eles dissertam.
O Sr. Jorge Lemos (PCP).- - Estas oratórias não são violentas?
O Orador: - Só que, em Janeiro de 1966, em Cuba decorre uma conferência tricontinental terrorista e nos anos seguintes pululam organizações fazendo guerra às suas sociedades.
Sucedem-se explosões de bombas atacando homens de negócios e políticos, incêndios em bens públicos e privados, sabotagem de vias férreas e centros nevrálgicos, desvios de aviões, metralhamento de pessoas e raptos.
Tudo meios usados por aqueles que consideram que a sociedade em que vivemos não aceita a razão,
O Sr. Jorge Lemos (PCP): - 15to é infame!
O Orador: - ... impondo-se a necessidade da violência pura, porque nada além do terror fará recuar a burguesia.
Para estes accionistas do terror, que não aceitam dificuldades sem saída, tudo é permitido, num mundo maniqueisticamente concebido, guiados pelo ódio, numa sociedade que recusam e cuja mudança sem eles não acreditam ou com cujo tempo de evolução não estão dispostos a contemporizar.
Querem tudo, tudo imediatamente, como diria Antígona.
E por isso espezinham o Decálogo do Antigo Testamento, orientando-se por um catecismo sem ética ou com outra ética, em que o ódio é o mandamento fundamental, «o rosto claro da consciência revolucionária, o desejo infinito de vencer e construir a sociedade desalienada; uma maneira de viver combatendo», porque importa eliminar tudo o que prejudica a sua causa.
Sinal pretendido de transformação das relações entre os homens, estamos no fundo em face do ataque mais brutal ao próprio homem.
É o ódio do homem para o homem, no dizer de George Bernanos.
Uma voz do PSD: - Muito bem!