Há o estilo Eduardo Pereira, que consiste em chegar à Assembleia da República e que vimos depois ter ido lá pari fora e dizer:

Quem não quer esta lei tem total insensibilidade, não tem tom sereno, desapaixonado, e ponderado, está possuído de uma perspectiva desanimadora e tranquilizadora, é incauto, bem intencionado, e temerário, é responsável e inconsequente, não é minimamente responsável, faz análises superficiais, não tem consistência, é incapaz de análise séria, não procede a uma reflexão profunda, não tem boa fé [...].

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Basta! Basta!

O Orador: - ... é leviano, infundado e perigoso, encobre os problemas ... Srs. Deputados, isto está tudo na intervenção. É espantoso, mas está lá.

O Sr. José Manuel Mendes (PCP): - E há mais! E há mais!

O Orador: - E depois acusa o Sr. Ministro de deixar submundos do crime pulularem em Portugal, designadamente em matéria de droga, a tal que preocupa o Sr. Deputado José Vitorino. Isto quando a Polícia Judiciária anuncia capturas sem precedente e a Direcção-Geral de Alfândegas anuncia valores que são dez vezes superiores aos anteriores todos somados.

Isto traduz que estes 2 membros do Governo não falam um com o outro, ou então que ninguém responde por nada e que o Governo está de pantanas - o que aliás é verdade.

Risos do PCP.

E depois há o estilo do Sr. Deputado Jorge Lacão, que chega aqui e diz:

Então vocês acusam o Governo de ser inflexível! Não não, eu digo-vos [...].

O Sr. Presidente: - Queira ter a bondade de concluir, Sr. Deputado.

O Orador: - Termino já, Sr. Presidente.

O Sr. Deputado Jorge Lacão diz:

Este Governo, vos digo eu, - ele -, é flexível.

Mas, quando nós perguntamos, por que é que nos fez passar por esta provação terrível de vermos este monstro aqui posto em cima da Assembleia, assustando legitimamente quem anda preocupado com estas coisas e tem razão para andar preocupado, nada nos diz. Por que é que isto foi 3 vezes a Conselho de Ministros e chegou aqui neste estado mexerucado.

Se o Sr. Deputado Jorge Lacão, tivesse falado, por exemplo, com o Sr. Ministro Rui Manchete, admito que ele tivesse descoberto o que é o estado de sítio, antes de ter descoberto aqui no Plenário que o estado de sítio é uma coisa que não tem nada a ver com aquilo que ele julgava.

Risos do PCP.

Sr. Deputado, vimos o exemplo do serviço de informações: entrou mnexerufada saiu zurrapa!

Risos elo PCP.

E com isto esta proposta de lei será pior, porque aqui os Srs. Deputados nem sequer asseguram minimamente a definição das tais balizas, que numa opção futebolística o Sr. Deputado citava. Que balizas? As suas balizas estão a 10000 km uma e a 10000 km a outra. Quem é que sabe onde se inscreve o pensamento do Partido Socialista? Ninguém.

Deixo completamente de lado, Sr. Presidente, por não ter tempo, o facto do Sr. Deputado Jorge Lacão, não contente em não ser preciso, ainda utilizar de um estilo provocatório que não é compatível com a dignidade parlamentar e com esta Câmara.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Que o Sr. Deputado venha dizer que o PS não perfilha a moção de inimigo interno e que foi em 1975 que o PCP não sei quê, é absolutamente abusivo e um verdadeiro despautério...

Protestos do PS e do PSD.

O Sr. Presidente: - Faça o favor de terminar, Sr. Deputado.

O Orador: - Em 1975, Sr. Deputado Jorge Lacão, arderam sedes do PCP e o Sr. Deputado tem o dever de não brincar com estas coisas, pois até hoje ainda não estão esclarecidos os trâmites, causas, condições e implicados...

O Sr. Jorge Lemos: (PCP): - Vamos aos esclarecimentos!

O Orador: - ... desses acontecimentos lamentáveis do viver histórico português.

Tal como não tem o direito de brincar com a coisa séria que é dizer:

O PCP tem uma noção de segurança interna que se estivesse no poder seria esta, aquela ou aqueloutra, o que o PCP tem é uma enorme pena de não estar no aparelho do Estado.

Sr. Deputado, o PCP está no aparelho do Estado e continuará a estar no aparelho do Estado porque não há uma lei de interdições profissionais neste país, ao contrário do que existe noutros países, que o Sr. Deputado pelos vistos admira. Mas não só, o PCP não está é no Governo, mas não sabe por quanto tempo.

Protestos do PS e do PSD.