pectiva responsabilização de quem participa em todo este processo. Esta è, aliás, a boa razão pela qual o Governo se dispõe a vir discutir este assunto na sede própria, que neste caso è a Assembleia da República.

Peco-lhe, pois, Sr. Deputado Carlos Carvalhas, que me esclareça relativamente às duas afirmações referidas: «alastra a chaga dos salários em atraso» e «as negociações com a CEE obedecem a indignificantes negociações e a projectos pessoais».

Desde já lhe agradeço os esclarecimentos que me virá a proporcionar, Sr. Deputado.

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Carvalhas.

O Sr. Carlos Carvalhas (PCP): - Sr. Deputado Almerindo Marques, dou satisfação ao seu pedido dizendo-lhe, em primeiro lugar, que é conhecido, basta ler os relatórios, que mesmo onde o nosso país se insere, isto é, no quadro das economias da OCDE, para onde exportamos cerca de 80 % ou mais do nosso produto, há uma expansão. Portanto, não colhe o seu primeiro argumento, e não colhe nem técnica, nem política, nem ideologicamente, segundo o qual há uma crise mundial.

De facto há uma crise, simplesmente neste momento até há uma expansão, e havendo uma expansão a nossa economia regride.

Por outro lado é fácil demonstrar, quer ao nível da produção, quer ao nível da inflação, quer ao nível do investimento, que as nossas quebras são muito superiores às da crise geral do capitalismo. Portanto há aqui uma causa interna que não se pode reportar à crise do mundo exterior. E se há uma outra causa ela advém de quê? É óbvia a resposta: advém da política seguida da política mon etarista, das políticas de sucessiva desvalorização do escudo que levam a que se aumentem as exportações em volume e se continue a receber o mesmo ou até menos em dólares e que por conseguinte levam à degradação de todo o aparelho produtivo, à estagnação, ao marasmo e ao desemprego.

O Sr. Deputado Almerindo Marques pode não gostar de ouvir isto, mas isto é a realidade comprovada tecnicamente por números oficiais e por dados

da OCDE. Aliás, todos os números e dados que eu citei são dados oficiais e da OCDE.

Quanto à questão das soluções alternativas, devo lembrar-lhe, Sr. Deputado, que nós propusemos aqui o debate e quem è que lhe quis fugir?

Por que é que o Governo não veio cá?

Por que é que o Sr. Ministro das Finanças e do Plano não vem aqui?

Nós propusemos, repito, debater aqui a questão das negociações da adesão de Portugal ao Mercado Comum e por que é que os senhores votaram contra?

Por que é que o Governo anuncia que vem apresentar à Ass embleia da República depois? Porquê? E quando?

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Muito bem!

O Orador: - O Governo deve indicar a data.

Devia de ser já, porque agora é que era importante fazer-se esse debate. Mas nem sequer refere qualquer data, o mesmo se passando com o problema orçamental.

O Sr. Jorge Lemos (PCP): - É fogo de vista!

O Orador: - Quanto aos salários em atraso, Sr. Deputado, dir-lhe-ei que são mesmo os relatórios oficiais, e até mesmo o Ministro do Trabalho e Segurança Social, que, apresentando números oficiais, vêm corroborar os nossos dados e reconhecer o agravamento da situação. Isto nem sequer merece contestação. Aliás, fiquei muito admirado quando o Sr. Deputado colocou essa questão.

O Sr. Jorge Lemos (PCP): - Muito bem!

gavetas como já estão a ser por um plano não de expansão da Siderurgia Nacional mas daquilo a que se chama o plano de modernização da siderurgia por imposição da CEE? Ou será que o Sr. Deputado desconhece que o Sr. Conde D'Avignon já aqui esteve e que aceita uma modernização, isto é, uma pequena expansão da siderurgia, mas não com o aproveitamento do ferro de Moncorvo e das pirites alentejanas?