pólio por decisão do poder, com capital monopolista que é algo, e muito substancialmente, diferente.

Terceira e última questão, Sr. Deputado, Há aqui uma coisa que eu ainda não percebi, nem nas intervenções do Governo nem na intervenção, salvo erro, do Sr. Deputado António Rebelo de Sousa, nem agora na sua intervenção, e que é o seguinte: o Governo entende fazer uma política de austeridade, de contenção, de retracção, fala-se até de crescimento zero; por outro lado, diz-se que a abertura da banca, dos seguros, dos adubos, etc., ao sector privado vai permitir desbloquear a situação, criar investimento, novos postos de trabalho, etc., etc., e Julgo que das duas uma: ou optamos, de facto, por uma política de contenção, de austeridade, sendo contraproducente criar condições para o investimento ou optamos por uma política diferente. Gostaria que V. Ex.ª tratasse deste problema visto que foi o cerne da sua intervenção.

O Sr. Presidente: - Pergunto ao Sr. Deputado João Lencastre se pretende responder agora ou no fim dos restantes pedidos de esclarecimento.

O Sr. João Lencastre (CDS): - No fim, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Tem então a palavra, para pedir esclarecimentos, O Sr. Deputado Hasse Ferreira.

O Sr. Hasse Ferreira (UEDS): - Sr. Deputado João Lencastre, depois de agradecer a clareza da sua exposição e até um certo radicalismo posto na apresentação de concepções tão claramente liberais, que faz algum tempo não víamos expostas - pelo menos desde a campanha eleitoral que o Dr. Lucas Pires liderou queria fazer-lhe algumas perguntas. Referiu que uma boa parte do sector público está em falência técnica. Pergunto-lhe: é ou não verdade que o principal sector que se procura abrir ao sector privado, a banca, não está, de forma nenhuma, em falência técnica? E ou não verdade que a banca nacionalizada deu, segundo os balanços recentemente divulgados, lucros neste último ano?

A segunda pergunta é a seguinte: estranhou V. Ex.ª que das bancadas que apoiam o Governo, e até de Membros do próprio Governo, venham reservas, ataques e demarcações face ao capitalismo selvagem. Por mim não estranho que um Governo, que se afirma de coligação entre socialistas e sociais-democratas, se eu não porque tenho 38 anos) que, durante 48 anos, exerceram o seu poder associado ao poder político antidemocrático que existiu e que tinha o nome de Estado Novo e ao qual eu prefiro chamar fascismo?

Vozes da UEDS: - Muito bem!

O Orador: - Não é uma tradução, Sr. Deputado. Para muitos de nós não é uma tradução; é, de facto, uma compreensão do que se passou, o que não sei é' se o Sr. Deputado compreende, na medida em que -suponho- não partilha este ponto de vista.

Uma outra pergunta muito concreta é a seguinte: não é verdade que boa parte das acções das empresas vendidas pelo Estado foram-no, não a novos grupos, mas a membros, não dos 100, mas das 7 famílias?

Disse ainda o Sr. Deputado que está farto de funcionários, no entanto, será que se recorda que temos, comparativamente a outros países da Europa desenvolvida, da Europa da CEE, muito menos funcionários, tendo em conta a população activa total?

Visará V. Ex.º com a frase «o País está farto de funcionários» a destruição da própria Administração Pública e depois do Estado?

última pergunta para não exceder o meu tempo e para não maçar a Assembleia. O Sr. Deputado expôs, com uma clareza que é de louvar, as suas concepções liberais, pergunto-lhe: tem presente que a população portuguesa no dia 25 de Abril de 1983, mais uma vez, rejeitou as concepções liberais anti-sociais-democráticas, ou seja, deu exactamente 12 % de votos à campanha liderada pelo Dr. Lucas Pires? Está consciente disso?

O Sr. Presidente:- Tem a palavra, para pedir esclarecimentos, a Sr. Deputada lida Figueiredo.

A Sr .8 ilida Figueiredo (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: A intervenção do Sr. Deputado João Lencastre não é, de facto, uma perseguição aos fantasmas do passado; é a afirmação de que quer o retorno ao poder político e económico que um pequeno grupo de famílias usufruiu antes do 25 de Abril. E isso que o Sr. Deputado João Lencastre pretende, é isso que o CDS pretendei

Vozes do PCP: - Muito bem!