O Sr. Manuel Lopes (PCP): - Tenham calma!
O Orador: - Espero que o jantar não tenha produzido nenhum desgaste nervoso nos Srs. Deputados!
Risos do PCP.
Sr. Presidente, pedi um esclarecimento ao Sr. Deputado João Salgueiro e inscrevi me para um protesto depois da sua resposta. Não sei se a Mesa registou, mas o certo é que o fiz.
O Sr. Presidente: - Fica inscrito agora, Sr. Deputado.
Tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Carvalhas.
O Sr. Carlos Carvalhas (PCP): - 0 Sr. Deputado João Salgueiro colocou se aqui como se fosse notário da democracia ...
Disse o que é que era democrático, o que é que não era democrático, o que é que correspondia à democracia, segundo a sua base económica, base económica que dava origem ao pluralismo, não pluralismo ...
Bom, não temos nada a reparar sobre isto. Mas o Sr. Deputado tem de convir que não é das pessoas, mesmo dentro da sua bancada, que se encontra melhor colocada para ser o notário da democracia.
Vozes do PCP: - Muito bem!
O Orador: - Não lhe reconhecemos nenhum direito nesse sentido, aliás, quer pelo presente quer e, pelo passado.
Vozes do PCP: - Muito bem!
O Orador: - Em relação aos aspectos económicos, não basta afirmar, é preciso demonstrar e o Sr. Deputado não demonstrou nada. Disse que a banca privada era importante para o desenvolvimento económico, que poderia, inclusivamente, ser importante para a defesa da banca nacionalizada e depois discorreu sobre um princípio filosófico velho, que fez seu e proeurou transferir para Portugal e que é mais ou menos este: o que é bom para a General Motors é bom para os Estados Unidos, portanto, para Portugal. 0 que é bom para a banca privada é bom para a nacionalizada é a banca privada. 0 que. é bom para as cimenteiras privadas é bom para a democracia. Mas, Sr. Deputado, conhecemos isso há 48 anos e a teoria económica vê-se pela prática, e a prática o que demonstra é que o senhor é um dos grandes responsáveis pelas défices externas, pela dívida externa e por que hoje se encontrem cerca de cem mil trabalhadores sem pagamento de salários!
Aplausos do PCP.
Aplausos do PCP
O Sr. Presidente: - Para um protesto, tem a palavra o Sr. Deputado Veiga de Oliveira.
O Sr. Veiga de Oliveira (PCP): - O Sr. Deputado João Salgueiro falou de um debate antes do 14 de Abril. Eu também lhe poderia falar desse debate ...
Vozes do PSD:- Março, Março.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): - Isso é que foi uma jantarada, hem!
Risos do PSD e do CDS.
O Orador: - De facto, por lapsus linguae, falei em Abril em vez de falar em Março. Simplesmente, é escusado fazer se tanta barulheira para rectificar o mês.
O Sr. Deputado falou do debate económico antes da nacionalização da banca - para evitar dizer o mês- e ambos poderíamos falar desse debate. Mas não é isso que está em causa, Sr. Deputado] Aliás, não é tão verdade como parece a sua falta de que não estava encarada a nacionalização da banca. E o Sr. Deputado sabe o muito bem!
Mas a razão que me leva a fazer este protesto é outra. 0 Sr. Deputado falou de indemnizações ao valor de mercado e isto suscita-me uma grande preocupação: é que, neste momento, já vai na rua a reclamação da CIP de que a abertura da banca ao sector privado é importante, é razoável, é um bom gesto da parte deste Governo, mas que não basta - é preciso que se paguem as devidas indemnizações.
E a sua fala introduz uma grande preocupação, que é a de saber se, no rasto da abertura da banca ao sector privado, vêm também novas indemnizações àqueles que expropriaram o povo português durante 48 anos e que não tinham direito a indemnização porque t udo o que tinham haviam tirado a todos os outros portugueses.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado João Salgueiro.
O Sr. João Salgueiro (PSD): - Eu tinha esperança que debatêssemos ideias ou factos. A bancada do Par tido Comunista, já pela segunda vez, discute intenções, e fá-lo, quanto posso perceber, porque lhe é