difícil entrar no domínio dos factos ou no domínio das políticas'

A Sr.ª Deputada Ilda Figueiredo chega a atribuir-me a defesa de interesses privados. Sr.º Deputada, nunca trabalhei para nenhum banco privado, sempre fui funcionário público e mesmo na banca não optei pelo sector bancário e continuei funcionário público.

A Sr.ª Ilda Figueiredo (PCP): - Mas foi ministro de vários governos!

O Orador: - Não fui, não, Sr.ª Deputada.

Vozes do PCP: - Foi secretário de estado!

0 Orador: - Há várias outras pessoas que têm tido responsabilidades mais graves, e V. EX.ª nunca levantou esse problema.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - E mais: nunca defendi em épocas passadas o que não defendo hoje. Não tenho feito tantas mudanças como outras pessoas que V. Ex.ª poderia referir se quisesse.

A Sr.ª Ilda Figueiredo (PCP): - Também registei isso!

O Orador: - Mas não entrarei no domínio das intenções. V. Ex.ª entrou porque entendeu que era a melhor maneira de argumentar, mas penso ser uma má maneira.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Além disso, vou tentar ver se há alguns factos na intervenção que produziu ...

Risos do PSD.

A Sr.ª Deputada falou em nacionalizações e do seu significado para os trabalhadores, mas não é ao nível dos slogans que o problema se pode pôr. A questão que eu levantei, e à qual VV. Ex.ªs ainda não responderam, é a de saber em que país é que a defesa dos interesses dos trabalhadores em democracia se faz por nacionalizações de sectores integrais.

O Sr. Manuel Lopes (PCP): - Em todos!

O Orador: - Uma nutra questão é a de saber em que país é que o controle do poder económico pelo poder político se faz através das nacionalizações-

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Depois, o Sr. Deputado Carlos Car valhas, também ao nível das intenções, diz que não me reconhece o direito de não sei o quê ... 0 Sr. Deputado dirá quando entender.

Mas lembro-lhe que não é o Partido Comunista que elege os deputados do PSD, é o povo português.

Vozes do PS(r): - Muito bem!

acionalizar incluída no programa do Governo era, então efectivamente, a do Crédito Predial Português, por razões que são claras' Tudo o mais é especulação.

O Sr- Veiga de Oliveira (PCP): - Dá-me licença que o interrompa?

O Orador: - Vejo que os Srs. Deputados se esqueceram de muita coisa, mas agora estou eu a falar!

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Por outro lado, não fui eu que falei de indemnizações ao valor de mercado. Apenas respondi a uma pergunta apressada que um seu colega de bancada me fez, no sentido de saber do exemplo das ' nacionalização francesas. Ora, eu referi que em França houve várias diferenças e que uma foi essa; não referi o caso português.

Se VV. Ex.ªs pensam que isso é errado, talvez possam mandar averiguar por que é que em França fizeram isso.

O Sr. Silva Marques (PSD): - E uma crítica aos camaradas franceses!

O Orador:- Mais argumentação em matéria de factos não vi, Srs. Deputados'

Aplausos do PSD e de alguns deputados do PS e do CDS.

0 Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Gaspar Martins

O Sr- Gaspar Martins (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo: Desde a nacionalização da banca, dos seguros e de outros sectores básicos, os trabalhadores têm manifestado, sistemática e frequentemente, a sua posição de defesa intransigente das nacionalizações.

De forma directa ou através das suas estruturas representativas, os trabalhadores vêm reafirmando sempre o seu apoio aos sectores nacionalizados. As confissões sindicais, as comissões de trabalhadores, os conselhos gerais, os congressos, em todo o País, manifestam inequivocamente essa vontade.