Tudo isto o Governo procura escamotear e, em particular, silenciar o facto de que esta posição é partilhada, de forma inequívoca, pelas tendências sindicais ligadas aos partidos do Governo.
Só os detentores do grande capital apoiam e reclamam a abertura que é inconstitucional e injustificada do ponto de vista económico e financeiro.
Isto comprova-se facilmente se forem tidas em conta as tomadas de posição que chegaram a esta Assembleia a que o meu grupo parlamentar não quis deixar de
trazer ao Plenário, sobretudo tendo em conta que um ex-superministro disse que era uma desconfiança nossa em relação aos trabalhadores.
Vejamos então o que é que os trabalhadores têm a dizer a este respeito!
0 Conselho Geral do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas pronunciou-se, em 1 de Junho último, contra os projectos governamentais - passo a citar:
Considerando as posições que sucessivamente foram tomadas pelos bancários, contra tal medida, nomeadamente as do II Congresso deste Sindicato
em Março deste ano; considerando que nova banca privada não viria resolver nenhum dos problemas económicos de Portugal, porquanto não
insuflaria grandes capitais estrangeiros na economia, os quais têm chegado e poderão continuar no actual sistema nacionalizado, mas agravá-los ia
pois desviariam os empréstimos para multinacionais e para a reconstrução dos monopólios do 24 de Abril, seleccionando os negócios rentáveis e
deixando à banca nacionalizada os custos sociais da política monetária, como se vê hoje já na banca estrangeira existente; considerando os recentes
ataques à banca levados a cabo pelo Governo, consubstanciados nas orientações sobre a obrigatoriedade de aceitação de títulos de indemnização a juros ruinosos, no imputar aos bancos nacionalizados parte dos juros bonificados, na redução recente do diferencial dos juros, na entrega do património dos bancos aos ex-grupos monopolistas e considerando a falta de reestruturação da
banca, o alastramento da corrupção, a falta de tomada de posse dos gestores eleitos pelos trabalhadores, a falta de audição das estruturas dos
trabalhadores sobre os grandes problemas do sector.
Todas estas são razões a que a Assembleia da República deveria dar o devido relevo, tal como deveria dar resposta frontal a estas perguntas formuladas
pelas quatro tendências sindicais do Sindicato dos Bancários do Centro.
Primeira pergunta: «como iria o Estado exercer, com eficácia, o indispensável controle sobre as diversas operações bancárias?».
Segunda pergunta: «como poderia o Estado definir e fazer cumprir as linhas de crédito mais correctas para os interesses do País?».
Entretanto, o Sr. Secretário de Estado parece não estar interessado em ouvir ".
0 Sr. Secretário de Estado do Tesouro (António de Almeida): - Estou, estou!
0 Orador: - E que isto que estou a citar são os trabalhadores bancários que o dizem. É, pois, importante darmos atenção ao que diz um sector importante de trabalhadores deste país.
Risos do PSD.
Os Srs. Deputados estão nervosos! Fazem me lembrar um bife de alcatra cheio de nervos ...
Aplausos do PCP.
Terceira pergunta: «a banca privada não iria ser posta apenas ao serviço da restauração dos grandes grupos económicos, esquecendo os interesses das empresas que deles não fizessem parte, bem como os da generalidade dos portugueses?».
Quarta pergunta: «a banca privada não viria desiludir todos aqueles que ainda acreditam, honestamente, que o seu regresso permitiria a obtenção de crédito mais facilmente e a juros mais baixos?».
Quinta pergunta: ua banca privada não iria tornar se uma força de pressão poderosa junto do aparelho de Estado?».
Sexta pergunta: «os lucros da banca privada iriam reverter para o OGE, como acontece com os da banca nacionalizada, possibilitando a sua aplicação em empreendimentos que sirvam para melhorar as condições de vida de todos os portugueses (educação, habitação, hospitais, escolas, etc.), ou seriam destinados a encher ,sacos azuis, a abrir contas na Suíça ou a outros fins tão nobres como estes?».
Uma voz do PCP: - Boa pergunta!
O Orador: - Também o Sindicato dos Bancários do Norte acaba de comunicar a esta Assembleia que:
contribuiu só em 1981, com mais de 7 milhões de contos para o OGE e em 1982 com valor muito superior, o que demonstra à evidência, não só a sua capacidade económica como a incor