facto que provoca a falta de estímulo. Se não ouvi mal, o Sr. Deputado não contestou que seja reservado ao sector público um certo tipo de actividades empresariais com objectivos sociais marcados, o que quer dizer que o Sr. Deputado aceita, dentro da sua lógica, que os trabalhadores da CP, por exemplo, sejam condenados a essa apagada e vil tristeza que condena os trabalhadores da banca e dos seguros pertencentes ao sector público.
Oh, Sr. Deputado, penso que todas essas questões que levantou e que podem ser pertinentes, ou pelo menos em parte pertinentes, têm a ver com outra coisa: têm a ver com o modo como as empresas públicas têm sido geridas e isso é da responsabilidade dos gestores que, por sua vez, são da responsabilidade dos governos que os nomearam, e nos quais de há 3 anos a esta parte o seu partido participava!
Vozes da UEDS: - Muito bem!
O Orador: - Sr. Deputado, o que lhe posso dizer e que o CUS espera vir a apresentar um projecto de lei relativo à participação dos trabalhadores no capital das empresas ...
Vozes do PCP: - Boa finta!
0 Orador: - ... e nessa altura teremos oportunidade de discutir o assunto em profundidade. Repito: não é com verbos e verbalismos que se protegem os verdadeiros trabalhadores do nosso país!
O Sr. Manuel Lopes (PCP): - Há 20 anos que ouço isso! Já o Dr. Silva Pinto dizia isso!
O Orador: - 3 deputados fizeram-me a mesma pergunta no sentido de que se deve à incapacidade do Governo a descapitalização das empresas públicas. Creio poder deduzir destas perguntas que seria correcto o Governo, em vez de deixar as empresas públicas endividar a República, em vez de deixar as em presas públicas, por falta de meios, te r a deficiência de capital que têm, aumentar o défice orçamental do Estado. Pergunto: onde é que se vai buscar o dinheiro? Ou é, no actual sistema, ao OGE, ou então divide-se, como se tem estado a fazer, o mal pelas aldeias!
0 Sr. Octávio Teixeira (PCP)- - Pelas aldeias nacionalizadas ...
0 Sr. Manuel Lopes (PCP): - Gostava desse rigor solução em relação às outras empresas!
0 Orador: - Calma, Sr. Deputado. Tive a coragem, a sinceridade, de indicar aqui números que se verificam após uma gestão em relação á qual, eu próprio, também fui responsável. Não o fiz para arranjar bodes expiatórios, nem o fiz para
desejar mau sucesso ao novo governo, não é isso que temos estado a fazer, mas sim para alertar para problemas reais que têm de ser resolvidos.
O Sr. Carlos Carvalhas (PCP). - Quais problemas reais?
0 Orador: - Se assim não acontecer, tenho a convicção que daqui a 3 anos estou a dizer que o Partido Socialista foi incapaz, foi isto e foi aquilo. Passamos os anos e, entretanto, o País vai-se afundando!
Vozes do CDS: - Muito bem!
Vozes do CDS: - Muito bem!
0 Orador: - E toda a criação de um sistema financeiro - em relação ao qual a maioria do Partido Socialista está de acordo com o que eu estou a dizer que esta Assembleia, por razões dogmáticas inerentes a soluções políticas de interesse do Partido Comunista, não tem realizado.
Vozes do CDS: - Muito bem!
O Orador: - Não devemos culpar aqui o governo A, B ou C, porque daqui a uns anos seremos todos culpados e o País foi ao fundo. Não é em nome da Constituição, não é em nome de. frases dogmáticas que se pode continuar assim, porque o País pode ir ao fundo, a inflação pode aumentar, as classes mais desfavorecidas podem ser prejudicadas.
A Sr.ª Ilda Figueiredo (PCP):- Mas serve aos capitalistas!
Vozes do PCP: - 0 melhor é o Sr. Deputado vestir um escafandro e ir lá salva-los! Já se experimentou e foi o que se viu!
O Orador: - Não se preocupem que não é a vossa
Protestos do PCP.
Por isso, Sr' Deputado Hasse Ferreira, quando V. Ex.º me pergunta se não foi face à incapacidade do anterior governo que o Partido Socialista não mereceu ser chamado a governar, eu afirmo que não discuto o voto democrático, reconheço-o, aceito-o e respeito-o. Fui o primeiro a defender, quando a AD era maioria, que em democracia há que respeitar a maioria, há que pedir-lhe que exerça as suas opções e não impedir que isso aconteça.