fizer a minha intervenção já, permitia-lhe que respondesse, em nome da maioria, às minhas dúvidas. Mas não quero atropelar a ordem das inscrições e não peço à Mesa que me dê a palavra se porventura o Sr. Deputado Carlos Lage não quiser aceder a conceder-me a palavra antes de vir ele a usá-la, o que facilitaria o esclarecimento das questões. O Sr. Presidente decidirá!

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado ficará inscrito para uma intervenção.

Entretanto, tem a palavra o Sr. Deputado Silva Marques.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Sr. Presidente, foi--me feito um pedido de esclarecimento bizarro pelo Sr. Deputado José Magalhães. É que eu disse que estava esclarecido, tal como o meu grupo parlamentar ...

O Sr. José Magalhães(PCP): - Posso interrompê-lo?

O Orador: - Faça o favor, Sr. Deputado.

O Sr. José Magalhães (PCP): - Procurei aduzir argumentos para o Sr. Deputado reconsiderar a pertinência de travarmos agora um debate, não tanto por causa da sua opinião pessoal, que é conhecida, mas por causa da utilidade manifesta de se clarificar aqui se vamos transformar a conferência de presidentes num miniparlamento, o que pessoalmente não lhe repugna, mas que foi uma questão colocada na Câmara, o que supõe a posição da sua bancada e da do PS. É importante clarificar isto agora. O Sr. Deputado não acha que deve ser neste momento e que isto é realmente importante?

O Orador: - Sr. Deputado está completamente esclarecido no que diz respeito à minha pessoa e à minha bancada.

Vozes do PCP: - Mais uma razão para o debate!

O Orador: - Ó Sr. Deputado, se eu estou esclarecido, para que é que preciso do debate? Só preciso do debate quando busco o esclarecimento. Ora, se estou esclarecido, não preciso do debate. Para que servem os debates? Só para falar? Não. Se outros estão carecidos de esclarecimento, pois, compreendo que queiram o debate, mas eu não. Estou esclarecidíssimo.

O Sr. José Magalhães (PCP): - Posso interrompê-lo?

O Orador: - Tenha a bondade, Sr. Deputado.

O Sr. José Magalhães (PCP): - Mesmo o mais sábio pode considerar, em determinado momento, que é necessário que aos outros seja dada a possibilidade de precisarem posições. É essa a questão que lhe coloco, se do alto dessa sapiência, não admite que é útil abrir-se aqui já um pequeno espaço de debate.

O Orador: - É que julguei que o Sr. Deputado me fazia a justiça de entender que, quando digo que estou esclarecido, os meus esclarecimentos são sempre provisórios, porque aceito a evolução. O Sr. Deputado não julgue os outros por si.

Tudo o que é humano é provisório, por isso é que é absoluto. O único absoluto que existe é o provisório.

Mas, deixemo-nos de filosofias. Por mim, estou esclarecido, até porque estou a beber na experiência parlamentar. Tudo isto é a consignação da experiência parlamentar, embora os Srs. Deputados tenham problema: é que os Srs. Deputados não desistem dos vossos objectivos de agitação e consideram que quanto mais verbalismo, mais eficácia parlamentar, mais democracia ... E isso é tudo falso. Sei que criam alguns problemas, algumas perplexidades ...

O Sr. José Magalhães (PCP): É um processo de intenções descabido!

acontece é que a disposição, que se pretende consignar, remete para a conferência a discussão da organização dos trabalhos.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado José Magalhães.

O Sr. José Magalhães (PCP): - Afinal, Sr. Deputado Silva Marques, sempre acabou por tecer considerações sobre o fundo da questão, que era o que eu tinha suscitado e o que prova que a pergunta era pertinente.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Sou generoso!

O Orador: - A resposta é que não foi esclarecedora. Resta esperar que alguém faça aquilo que o Sr. Deputado Silva Marques não pôde fazer pois optou por um processo de intenções descabelado, verdadeiramente inútil e pernicioso.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Carlos Lage.

O Sr. Carlos Lage (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Creio que a questão fundamental que foi lê-