mem, um cargo. Ou seja, para dignificar o papel do deputado, este deve cumprir aquilo para que foi eleito, isto é, deve ser um deputado a tempo inteiro e não em part-time.

Se a situação actual é realmente uma fraude para o eleitor que elegeu os deputados para estarem aqui, no futuro vai ser, no mínimo, um escândalo. Seria o mesmo que pagar-se a um certo número de trabalhadores que só iam lá ao fim do mês receber o ordenado.

Portanto, penso que isto não vai dignificar nada a Assembleia e gostaria que VV. Ex.ªs pensassem mais seriamente no assunto. De resto, o exemplo inglês não é feliz, pois eles também estão mal.

0 Sr. João Corregedor da Fonseca (MDP/CDE): - Sr. Presidente, peço a palavra para uma intervenção.

0 Sr. Presidente: - Tem a palavra, Sr. Deputado.

veto. A verdade é que, perante o panorama lamentável a que o Grupo Parlamentar do Partido Socialista conduziu já o Regimento - e se eu digo PS é porque das intervenções do PSD nunca restaram quaisquer dúvidas, pois já tinha apresentado propostas idênticas quando fazia parte da AD -, a verdade é que, dizia, a situação é cada vez mais grave. Tudo lhes serve: cortes nos tempos de debate; impedir aos grupos e agrupamentos parlamentares as interrupções de meia hora; anulação das declarações de voto; espartilho na duração do tempo do uso da palavra ...

Srs. Deputados, neste caso verifica-se o aproveitamento da ideia da AD sobre a fixação da hora para votação, que tantas críticas mereceu por parte dos deputados do Partido Socialista e das outras bancadas da oposição. Seria caso para referir as palavras do então deputado Armando Lopes, quando analisava as novas competências das conferências dos presidentes dos grupos parlamentares propostas pela AD, e transcritas no n.º 99 do Diário da Assembleia, de 14 de Outubro de 1981: "[...] Passa a poder deliberar - pasme-se! - sobre a fixação de uma hora certa para a votação dos projectos, propostas e resoluções; assim se manipulará, agora sim, o deputado, perante esta alteração apresentada pela maioria. Será, assim, Srs. Deputados, que nós vamos ver dignificados os trabalhos na Assembleia da República?".

Esta, Sr. Presidente, Srs. Deputados, é uma proposta inaceitável e admira-nos que um grupo parlamentar com a responsabilidade do Partido Socialista, de um partido democrático como o Partido Socialista, venha à defesa de uma proposta que não tem cabimento nem sequer abertura democrática.

O Sr. Luís Saias (PS): - Sr. Presidente, peço a palavra para uma intervenção.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, Sr. Deputado.

0 Sr. Luís Saias (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Ouvimos aqui grandes palavras - o "deputado-robot", o "deputado em part-time" e a subversão dos trabalhos da Assembleia.

"Emboramente" reconheçamos ...

0 Sr. Lopes Cardoso (UEDS): - Passemos aos "finalmente", Sr. Deputado!

0 Orador: - ... que esta disposição pode encerrar alguns perigos, a verdade é que estas grandes palavras, à força de serem usadas pelos deputados do Partido Comunista, e nesta emergência também pelo Sr. Deputado da UEDS, iludem aquilo que afinal é uma coisa extremamente simples: trata-se de fixar a hora da votação!

Não é mais nada senão isto. Há uma hora para os trabalhos da Assembleia se iniciarem; há uma hora regimental para os trabalhos acabarem; há um tempo fixado para as intervenções; é razoável e natural que haja também, para que os trabalhos se possam processar com a necessária lucidez e transparência, uma hora conhecida para as votações.

Uma voz do PCP: - E para tomar café, para ir à casa de banho ...

0 Orador: - E desculpe-me o Sr. Deputado Lopes Cardoso, mas o que é hipócrita é as votações fazerem-se de surpresa, fazerem-se quando há comissões que estão a funcionar ou quando há deputados que estão a atender peticionantes que os procuram.

0 Sr. José Magalhães (PCP): - 15so nunca sucedeu, Sr. Deputado.

0 Orador: - O que é realmente hipócrita é não se saber a que horas é que se vota porque o voto nesta Assembleia é o acto mais nobre e digno, o acto que encerra em si as virtualidades da Assembleia.

Aplausos do PS e do PSD.

0 que é nobre não é certos deputados, em assuntos pelos quais têm pouco interesse, serem forçados a estar aqui sentados à espera que, de repente, se vote.