Vozes da ASDI e do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Se o Governo as não considerar necessárias, então, seria bom que o declarasse abertamente e não sofisticamente, a coberto de haver ou não haver tempo, de estarmos ou não estarmos cansados, de termos ou não termos quaisquer outras razões.

Sr. Ministro de Estado, pela nossa parte, continuará a contar com a nossa oposição construtiva, trabalharemos o tempo que for necessário. Sempre dissemos que estaremos dispostos a continuar esta sessão legislativa, se for necessário.

Sr. Ministro, da nossa parte, poderá contar sempre com os deputados do CDS para aprovar as leis que o Governo, efectivamente, considere indispensáveis.

Risos e protestos do PCP.

Esta é a posição que nos parece mais correcta neste momento e gostaria que da parte do Governo e das bancadas da maioria nos dissessem também qual é a vossa disposição, a vossa resistência, a vossa capacidade.

Julgo que nós, 30 deputados, aguentamos as horas necessárias.

Uma voz do PCP: - Foi por isso que começaram a trabalhar às 9 da manhã?!

Risos do PCP.

O Orador: - E triste que mais de dois terços desta Assembleia...

Uma voz do PCP: - As 5 da tarde não estava cá ninguém do CDS!

Protestos.

O Orador: - ... não possam encontrar uma- forma de substituição, hora a hora, para assegurarem o quorum desta Assembleia.

Aplausos do CDS e da deputada do PSD Mariana Calhau.

Risos do PCP.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Ministro Almeida Santos.

O Sr. Ministro de Estado e dos Assuntos Parlamentares: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Antes de mais, quero agradecer a disponibilidade do Grupo Parlamentar do CDS e protestar contra a afirmação do Sr. Deputado Carlos Brito, que perguntou, em termos de dar a resposta no sentido negativo, se era digno da parte do Governo exigir este sacrifício à Assembleia.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Os métodos de trabalho, não é o sacrifício!

Uma voz do PSD: - Pouco barulho!

O Orador: - Eu responderia a isso, Sr. Deputado, com o nosso pedido de compreensão para o esforço que vos pedimos. Na verdade, isto é o mínimo que neste momento teríamos de vos pedir e, por isso mesmo, prescindimos do mais, tudo com a preocupação de que os trabalhos acabem hoje.

Com este pedido de desculpa, responderei que, hoje, nesta Assembleia ou em qualquer sítio do nosso país trabalhar com muito sacrifício é mesmo a expressão máxima da dignidade.

Aplausos do PS, do PSD e da ASDI.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Carlos Brito, para que efeito pediu a palavra?

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Para um contraprotesto, Sr. Presidente.

Protestos do PSD.

O Sr. Costa Andrade (PSD): -Mas é que eles só representam os trabalhadores, não trabalham!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): - Trabalha você, com essas mãos!...

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Carlos Brito tem a palavra para contraprotestar.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Ministro Almeida Santos: Bem sabe o Sr. Ministro que acaba de usar um sofisma e o País sabe disso. O País sabe que nós propusemos que esta sessão suplementar de trabalho se prolongasse até ao dia 29. Estávamos cientes de que o programa proposto pelo Governo e também alguns diplomas que nós entendíamos que deviam ser discutidos e que o Governo não deixou discutir exigiam uma sessão suplementar de trabalhos mais dilatada do que aquela que realizámos.

Não foi por medo do trabalho. Não é por medo do trabalho que nós condenamos a proposta que acaba de ser feita. Bem sabe que assim é. Bem sabe que é esse o exemplo que nós damos na Assembleia da República, bem sabe que é esse o exemplo que nós damos nas comissões. Não é pela falta dos deputados do PCP que as comissões não funcionam por falta de quorum.

Em geral, não é por falta dos deputados do PCP que o Plenário não tem quorum.

A Sr.ª Zita Seabra (PCP): - Muito bem!

O Orador: - É por falta de outros, dos que muitas vezes pensam muito mais no dinheiro que aqui se ganha do que no trabalho que aqui é necessário, fazer pelo país.

Aplausos do PCP.

Protestos de alguns deputados do PSD, batendo com os punhos nos tampos das bancadas.

Mas esse não é o nosso caso, e não vamos agora discuti-lo.