Mas não é pelo trabalho, é pelos métodos. São estes métodos, Sr. Ministro, que nós condenamos. Os senhores deram provas exuberantes nesta sessão suplementar de atabalhoamento, de falta de noção daquilo que efectivamente pretendiam, de falta de conhecimento das regras de funcionamento da Assembleia e das regras de funcionamento do Governo com a Assembleia, de respeito pela Constituição; deram milhentas provas disso, que aqui foram pacientemente corrigidas pelos deputados.

São os métodos que nós condenamos, não o trabalho. E veremos, daqui a bocado, à 9 ou às 10 da manhã, quem está e quem já não está capaz de trabalhar.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - E é porque nós não temos medo do trabalho, Sr. Ministro Almeida Santos, que nós usaremos todas as figuras regimentais a que temos direito durante o debate que se vai seguir.

Vozes do PCP: - Muito bem! Protestos do PS.

O Orador: - Não temos medo nem das horas, nem do trabalho, nem dos sacrifícios pelo país e pelo nosso povo, como temos dado sobejas provas na nossa vida. Não é isso que nos mete medo.

Vozes do PCP: - Muito bem! Protestos do PS.

O Orador: - Não faça sofismas, Sr. Ministro, que podem enganar algumas pessoas, mas que não o enganam a si próprio, que os usa. Discuta seriamente connosco, como nós discutimos seriamente consigo aquilo que é sério.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: - Sr.ª Deputada Helena Cidade Moura, pediu a palavra para que efeito?

A Sr.ª Helena Cidade Moura (MDP/CDE): - Para uma intervenção, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - E o Sr. Deputado Carlos Lage, para que efeito pediu a palavra?

O Sr. Carlos Lage (PS): - Para um protesto relativamente à intervenção do Sr. Deputado Carlos Brito.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, Sr. Deputado.

O Sr. Carlos Lage (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O PCP considerou que era um grande sacrifício que era pedido à Assembleia ...

Protestos do PCP.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - É o método, não muita!

Vozes do PS: - Estejam calados!

Protestos do PS.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, querem que eu suspenda a sessão?!

Continuam as manifestações de protesta da parto das bancadas do PS e do PCP.

O Sr. Presidente: - Está suspensa a sessão. Eram 2 horas e 45 minutos.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, está reaberta a sessão.

Eram 2 horas e 46 minutos.

O Sr. Presidente: - Todavia, não considero que haja condições para trabalharmos se os Srs. Deputados continuarem a prejudicar os trabalhos como têm estado a fazer até agora.

Peço aos Srs. Deputados que se lembrem que estão na Assembleia da República.

Dou a palavra ao Sr. Deputado Carlos Lage para um protesto.

O Sr. Carlos Lage (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Como dizia, nós consideramos que este sacrifício - se é assim que se pode chamar- é, pura e simplesmente, razoável.

Não queríamos dizer mais nada se o Sr. Deputado Carlos Brito, com azedume um pouco onírico, não tivesse dirigido a toda a Assembleia alguns vexames perfeitamente inaceitáveis.

Foi o ter afirmado que outros deputados nesta Câmara, que não os comunistas, se movem mais por dinheiro do que por empenho, desprendimento, aplicação e entusiasmo democrático.

É uma afirmação grosseira que atinge todos os deputados, e nenhum deputado nesta Assembleia pode ser objecto desse tipo de acusações, desse tipo de insinuações.

Aplausos do PS, do PSD, da UEDS, da ASDI e de alguns deputados do CDS.

Protestos do PCP.

Sr. Deputado Carlos Brito, não esperava que utilizasse de forma vulgar e grosseira os estereótipos, os preconceitos e os slogans que são dirigidos contra a Assembleia da República pelos meios mais reaccionários e retrógrados.

Aplausos do PS, do PSD, da UEDS, da ASDI e de alguns deputados do CDS.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra a Sr.ª Deputada Helena Cidade Moura.

Protestos do deputado da UEDS Lopes Cardoso, dirigindo-se à bancada do PCP.

A Sr.ª Helena Cidade Moura (MDP/CDE): - Sr. Deputado Lopes Cardoso, estava à espera que se calasse para eu poder falar.

Se não se importa, deixa-me usar da palavra.

O Sr. Lopes Cardoso (UEDS): - Dá-me licença, Sr. Presidente, para interpelar a Mesa?