Sr. Presidente, Srs. Deputados: Ao associarmo-nos ao voto apresentado pelo Partido Socialista e pelo Partido Social-Democrata não assumimos mais do que uma posição de coerência, uma posição de respeito por valores fundamentais e, no fundo, uma posição de respeito por nós próprios.

Aplausos da UEDS, do PS, do PSD, do CDS e da ASDI.

O Sr. Presidente: - Como não há mais inscrições vamos passar à votação deste voto de protesto contra a destruição do avião sul-coreano.

Submetido à votação, foi aprovada com votos a lavor do PS, do PSD, do CDS, da ASDI, da UEDS e do Sr. Deputado independente António Gonzalez, votos contra do PCP e a abstenção do MDP/CDE.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Brito para uma declaração de voto.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: As nossas primeiras palavras nesta declaração de voto são para lamentar profundamente as vítimas do trágico caso ...

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, peço o favor de se manterem em silêncio.

O Orador: - do jambo sul-coreano, as vitimas sacrificadas no altar da corrida aos armamentos e da histeria belicista e para lamentar também que o caso

seja agora trazido ao Parlamento português ...

... quando em todo o mundo decai a campanha e o próprio Reagan se remeteu ao silêncio ante embaraçosas interrogações que lhe são feitas na imprensa internacional.

Uma voz do PSD: - É falso!

O Orador: - Os novos factos vindos a lume e o silêncio a que se remeteram as autoridades dos Estados Unidos são de tal natureza que legitimam a conclusão de que, mais do que um trágico episódio da guerra da espionagem, estamos perante uma monstruosa provocação ...

Vozes do PCP: - Muito bem!

Protestos do PS e do PSD.

O Orador: - ... um reichtag aéreo.

Talvez muitos dos Srs. Deputados, os que eram vivos então, aquando do reichtag, também culpassem os comunistas.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Um reichtag aéreo, dizia eu, com 0 objectivo de impedir conclusões positivas da Conferência de Madrid, da Conferência de Genebra e, em geral, da paragem da corrida aos armamentos e passos positivos no desanuviamento da tensão internacional.

Nós veremos quem se vai ter de arrepender perante a história. Nós estamos convencidos de que não teremos de fazer um acto de contrição perante a história.

Aplausos do PCP.

Protestos do PS e do PSD.

E quanto a atitudes de incoerência e de hipocrisia não há como a política nacional para que o nosso povo nos possa julgar a todos.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Nós não nos deixamos manipular ...

... pelos autores da guerra e pelos atiçadores do holocausto nuclear.

Julgamos ter uma consciência mínima do que significaria uma nova guerra mundial para o nosso povo e para a humanidade inteira.

Por isso não actuamos como algumas cabecinhas loucas ...

... que reagem ao primeiro estímulo de Washington. Não! Nós pensamos que é nossa obrigação, das forças responsáveis e patrióticas portuguesas, tudo fazer para contribuir, na medida do possível, para a causa da paz.

Aplausos do PCP.

O Sr. Lopes Cardoso (UEDS): - Sr. Presidente, peço a palavra.

O Sr. Presidente: - Para que efeito Sr. Deputado?

O Sr. Lopes Cardoso (UEDS): - É para um protesto, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, V. Exa. sabe que não pode fazer um protesto.

Foi uma declaração de voto que foi feita e não dá lugar a protestos.

O Sr. Lopes Cardoso (UEDS): - Sr. Presidente, não sei se, dado o sistema de gestão do tempo que foi acordado, não o poderia usar para um protesto.

Se não também lhe confesso, muito francamente, que farei esse protesto ao intervir a propósito de um outro voto, no tempo de que disponho, se não me for concedido, neste momento, o direito para um protesto.

O Sr. Presidente: - Muito bem, Sr. Deputado, então assim fará.

Tem a palavra o Sr. Deputado João Corregedor da Fonseca.