Das duas, uma: quando é que o CDS estava enganado? Quando propôs o Município de Canas de Senhorim, ou agora, que propõe uma lei quadro que inviabiliza o Município de Canas de Senhorim?

O Sr. Nogueira de Brito (CDS): - Estava enganado da primeira vez!

O Orador: - Eu sou de perto dessa zona e conheço bem essa localidade. O CDS retirou o projecto de lei que criava o Município de Canas de Senhorim. Pergunto quando é que esteve enganado? Foi agora ou da primeira vez?

Vozes do CDS: - Foi da primeira vez!

O Orador: - Bem ... e porque é que o propôs da primeira vez? Porque da primeira vez havia aqui a questão de Vizela e era necessário criar um pouco de populismo, pretensamente controlado pelo CDS, na zona de Canas de Senhorim!

Vozes do CDS: - Oh!

O Orador: - Esta é que é a questão fundamental e é isto que, nesta Assembleia e nesta tribuna, tem de ser denunciado, seja a que propósito for e doa a quem doer.

Admiro-me muito que os deputados tenham tanto afã em legislar e da muita legislação que podiam propor para este país, da muita iniciativa de leis que podiam ter aqui em Portugal nesta Câmara...

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, agradecia que terminasse!

Aplausos da UEDS, do PS e da ASDI. Isto estende-se para várias bancadas! Risos.

O Sr. Paulo Barrai (PS): - Sr. Presidente, peço a palavra.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, também é para pedir esclarecimentos ao Sr. Deputado Vieira de Carvalho?

O Sr. Paulo Barral (PS): -Não, Sr. Presidente, é para formular um protesto.

O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. Paulo Barrai (PS): - Sr. Deputado Vieira de Carvalho, ouvi atentamente o seu discurso e devo dizer-lhe que me identifico com muitas das preocupações que expendeu - como, aliás, já tive ocasião de aqui referir; no entanto, o seu discurso tem dois tempos e duas fases.

No primeiro tempo e na primeira fase, o Sr. Deputado, com bastante brilho e método de análise, propõe a esta Câmara que actue com lucidez diante deste tipo de problemas que, de vez em quando, aqui aparecem. O Sr. Deputado propõe um quadro de análise verdadeiramente diferente daquele que tem vindo a ser aqui incrementado e que tem sido extremamente político -peço perdão para o dizer-, no mau sentido, lateralizado face às questões centrais e nunca determinante no sentido do voto concreto que esta Câmara responsavelmente tem a dar.

Todavia, a segunda etapa da sua intervenção -peço desculpa de lho dizer- sofre de bastante hipocrisia face à primeira.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Ela vem, de certa maneira, avalizar o projecto de lei do seu partido que, como o Sr. Deputado bem sabe, é um diploma que tem pouca exequibilidade mas que dá, no entanto, algumas pistas e abre algumas portas para a constituição de alguns concelhos. É uma proposta que não resolve, por outro lado, alguns traumas que existem neste domínio, dos quais o CDS não pode estar imune de responsabilidades.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Há, por estes motivos, uma segunda parte da sua intervenção que é, de facto, hipócrita - desculpe que lho diga ..., não é com má referência que o afirmo- onde o Sr. Deputado, que tem grande clarividência, proeurou «salvar» a honra do seu convento.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra para responder, se assim o entender, o Sr. Deputado Vieira de Carvalho.

O Sr. Vieira de Carvalho (CDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Começo por dizer que aceito e subscrevo todas as observações do Sr. Deputado César Oliveira e, se há algum projecto de lei - confesso que desconheço a questão que apresentou- relativo a Canas de Senhorim, isso prova que o Sr. Deputado tem uns bons arquivos e que está cá há alguns anos...

O Sr. César Oliveira (UEDS): - É uma questão de organização!

O Orador: - Mas, no entanto, subscrevo exactamente aquilo que o Sr. Deputado disse.

Vozes do CDS: - Muito bem!