verno «em que país estão», eis uma excelente oportunidade para lhe pedir que, com toda a pertinência, faça a si mesmo essa pergunta.

Podia, é certo, dar-se o caso de a inspiração para o milagre vir da outra também oposição que a um tempo combate o Governo e, por vezes, embora menos, o próprio interpelante. Para além do pequeno embaraço de ter deixado há pouco o Governo, onde se terá esquecido de pôr em prática as panaceias sobre as quais agora lecciona cursos para adultos ...

Risos do PS.

... pouco mais conseguiu até agora produzir do que algumas imprevistas e pouco significativas ultrapassagens pela esquerda dos seus ex-parceiros de Governo, sem esquecer esse eterno retorno que é culpar a Constituição de todas as nossas desventuras e passar a exigir o seu cadáver. Reviu-se apenas ontem? Reveja-se, de novo, já! É preciso que do sector público - essa hidra! - não fique pedra sobre pedra! Do sector público rentável, entenda-se.

Eis como é possível que dois partidos que perfilham a doce comunhão de malquerer ao actual Governo, coloquem este em face do não pequeno embaraço de só dispondo-se a cair poder agradar simultaneamente a ambos. Eis um preço que o Governo não está disposto a pagar, ainda que correndo o risco de não ser simpático a nenhum deles.

Bem vistas as coisas, não lhes desagrada tanto como isso. Disse-me há dias uma cigana que a última coisa que as oposições sinceramente quereriam era, neste momento, governar Portugal.

Aplausos do PS, do PSD e da ASDI.

O Sr. José Manuel Mendes (PCP): - Então o Governo vai à cigana para se informar?

salários, o custo e o nível de vida, e que este Governo, corajosamente, pensando na Pátria e não em votos, sacrificou; ...

O Sr. Igrejas Caeiro (PS): - Muito bem!

fôlego à venda do outro e, esgotado este, a solitária e triste dependência de nós próprios, gastando só aquilo que produzíssemos, o que em termos prosaicos significaria comermos metade do que hoje comemos; que pior do que ter de assumir a verdade da política deste Governo, seria a mentira de ser mantido na ignorância de que a dívida externa duplicou nos últimos três anos, voltaria a duplicar nos próximos três, atingiria em 1986, como aqui ouvimos ao Sr. Ministro das Finanças, 28 000 milhões de dólares que, muito antes desse momento, o País seria ingovernável, as receitas e despesas seriam inorçamentáveis, e teríamos dito adeus às reservas de ouro, a um ano apenas de termos de dizer adeus à democracia e à liberdade.

Aplausos do PS, do PSD e da ASDI.

O povo já percebeu tudo isto, e é inútil tentar iludi-lo dizendo-lhe que a situação é boa, o Governo é que não presta, e que, mudando de Governo, logo mudaríamos de esperança.

Mudança de Governo que, aliás, implicaria mudança de fórmula, mudança de Parlamento, provavelmente mudança de regime.

Será que há um só democrata e amante da liberdade disposto a correr esse risco?

O Governo está consciente da dureza da política que a conjuntura lhe impôs.

Sabe os custos que tem, as aflições que provoca, as lágrimas que porventura solta.

E nada lhe poderia ser mais gratificante do que recuperar o equilíbrio sem sacrifícios, relançar o desenvolvimento sem dor, semear a esperança sem premunições.

Uma coisa é certa: se não estivesse seguro de que não exige sacrifícios sem um amanhã de liberdade e de justiça social para todos, não teria, obviamente, força moral para impô-los.

Neste mesmo momento se vislumbram já alguns indicadores de esperança. É possível que ainda tenhamos de passar por mais algumas provações.

Não se esgotaram ainda os efeitos negativos sobre os rendimentos; não findou ainda o processo de descapitalização de algumas empresas, não poucas havendo que, tal como acontece noutros países mais ricos do que nós, dificilmente resistirão a situações de que-