no estrangeiro -, sujei as mãos e sujei os pés muitas vezes em trabalhos que também são de actividade agrícola e não sinto, por isso, qualquer despudor ou menos honra, antes pelo contrário.

Uma voz do PSD: - Ela é que nunca sujou!

A Sr.ª Zita Seabra (PCP): - São os 30 %!

O Orador: - Quanto ao problema dos vinhos de qualidade e das taxas, é certo que está prevista uma subida para as taxas da Junta Nacional dos Vinhos. Sabe a Sr.ª Deputada que isso é uma necessidade, pois essas taxas são extremamente antigas. Para além disso, quero dizer-lhe que essas taxas são pagas pelo armazenista e não são pagas directamente pela produção.

Uma voz do PSD: - Ignorância!

A Sr.ª Zita Seabra (PCP): - São pagas pela produção!

O Orador: - Quanto ao problema da corrupção em matéria de crédito agrícola, pois se a Sr.ª Deputada conhece casos, aí está a alta autoridade que poderá utilizar convenientemente, ...

Aplausos do PS e do PSD.

... porque está bem claro, Sr.ª Deputada, no Programa do Governo que o crédito agrícola que defendemos é um crédito agrícola assistido, que significa não só despiste e acompanhamento das necessidades de crédito, apoio na elaboração dos projectos, mas também rigor e acompanhamento na aplicação do crédito agrícola. É isto que significa crédito agrícola assistido.

A Sr.ª Margarida Tengarrinha (PCP): - E os 1000 contos ao Sr. Teles Rasquilho?

Vozes de protesto do PS e do PSD.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, peço o favor de manterem o necessário silêncio.

O Orador: - Diz-me a Sr.ª Deputada, também, de que em relação à aplicação do crédito pelas linhas de crédito Procalfer houve casos de corrupção em relação a cooperativas que têm na sua direcção gente do meu lado, gente de direita. Quero dizer à Sr.ª Deputada que nunca fui ...

Vozes do PCP: - As cooperativas é que não receberam!

O Orador: - ... de direita e, portanto, não tem necessidade de criar essa confusão.

Aplausos do PS e do PSD.

O Sr. Carlos Carvalhas (PCP): - Ah!

O Orador: - Passando ao Sr. Deputado Lopes Cardoso, colega e amigo de longa data que muito respeito, iria responder a alguns aspectos da sua intervenção.

Diz-me, em primeiro lugar, que é evidente que nenhum Governo desejaria não aumentar a produção, não aumentar a produtividade e que daí ser uma redundância que fosse também este um objectivo do Governo. Não considero que seja uma redundância e é bom que aqueles princípios que são de facto os fundamentais sejam, uma vez mais, afirmados e reafirmados e, mais do que isso, que sejam explicados como eu tenho feito nos meus fins-de-semana em viagem pelo País e em contacto com a lavoura e com as cooperativas ...

O Sr. Carlos Carvalhas (PCP): - É agricultor de fim-de-semana!

O Orador: - ... que seja explicada a razão porque se deve aumentar a produção, porque se deve aumentar a produtividade, e também como fazê-lo.

Evidentemente que em matéria de aumentar a produção alguns passos foram dados. Não depende só do Governo, depende muito da lavoura portuguesa e nós estamos convencidos que, sobretudo, depois da política de preços ter sido invertida em relação aos produtos agrícolas essenciais, que a resposta do lado da lavoura virá e o Ministério terá nessa parte defendido o ponto de vista do interesse nacional e o ponto de vista dos agricultores. Mas temos a consciência que outros acréscimos terão de vir e esses serão pela via da produtividade, que aqui qualifiquei de uma via mais sã de aumentar os rendimentos dos agricultores. Mas aí o Sr. Deputado Lopes Cardoso sabe tão bem como eu que a reacção não vem tão facilmente nem tão depressa como seria para desejar.

Nós, se queremos salvar este país, teremos de suster o défice da nossa balança co mercial e aí o aumento da produção a curto prazo, por estímulos rápidos, é um imperativo e uma necessidade nacional.

A Sr.ª Ilda Figueiredo (PCP): - A gente diz isso há muito tempo.

O Orador: - Julgo que sobre isto o Sr. Deputado Lopes Cardoso também me dará razão.

Disse que continua a verificar-se indefinição na zona da reforma agrária. Bem, nesse aspecto o Sr. Deputado Lopes Cardoso sabe qual é o quadro geral em que nos movemos e também me conhece há muitos anos para saber que como Ministro da Agricultura nunca actuarei de outra forma que não seja dentro do quadro legal em que tenho de me mover.

O Sr. Rogério de Brito (PCP): - Já estão a cometer ilegalidades! Posso provar-lhe!