quem está contra a melhoria das suas condições de vida o compreenderá, não obstante apresentarem-se como seus únicos e exclusivos defensores.

Aplausos do PS e do PSD.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Rocha de Almeida.

O Sr. Rocha de Almeida (PSD): - Sr. Deputado José Manuel Ambrósio, peço-lhe a si e à Câmara que me desculpem por utilizar esta figura regimental do pedido de esclarecimento, porquanto não o é. É que fiquei esclarecido com a sua intervenção.

Tomo a palavra para o cumprimentar pela linguagem desassombrada, verdadeira, pela frontalidade com que soube aqui trazer um problema que é verdadeiro, é o pôr a mão na ferida e na chaga dos trabalhadores deste país.

É que o Partido Comunista, como V. Ex.ª disse e muito bem, tem utilizado, usado e abusado das necessidades e dos problemas que são dos trabalhadores, para deles fazer uma bandeira de uma luta que nada tem a ver com a defesa dos seus interesses no mundo laboral, mas tão-somente utilizá-los para defesa das suas ideias, para estar a servir-se, indevidamente, de uma coisa que é justa: a luta por melhores condições de vida, muitas das vezes, e pela defesa das acções prepotentes de patrões que de nome só têm o nome, porque de acção são autênticos algozes da classe trabalhadora.

Protestos do PCP. Ex.ª, Sr. Deputado, teve a coragem de vir aqui - infelizmente contra a palavra do Sr. Deputado que muito respeito, o Sr. Deputado José Manuel Maia Nunes de Almeida, do Partido Comunista Português ou de Portugal, não sei bem o que quer dizer PCP ...

O Sr. Silva Marques (PSD): - Está em discussão9

O Orador: - Sim, está em discussão. Abre a discussão para o efeito.

Risos do PSD.

Mas quando o Sr. Deputado José Manuel Maia Nunes de Almeida veio aqui dizer que defender os trabalhadores da LISNAVE e suas famílias será através de formas de acção de luta, através de tomadas de navios, através do pagamento de mais horas extraordinárias do que as horas normais de trabalho, através de paralisações e greves para degradação da empresa, através de uma acção psicológica de coacção, V. Ex.ª tem, pelo menos, da minha parte o meu cumprimento - merece-o -, porque foi a primeira voz que teve a coragem de pôr o dedo da ferida e de ter apontado aos trabalhadores da LISNAVE, e não só, que ainda continuam manipulados pelo Partido Comunista, que daquela forma, daquele jeito, não defendem nem os seus postos de trabalho nem este país vai a lado nenhum.

Aplausos do PSD, do PS e da ASDI.

O Sr. José Manuel Ambrósio (PS): - Respondo no fim, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado José Manuel Maia Nunes de Almeida.

O Sr. José Manuel Maia Nunes de Almeida (PCP): Sr. Deputado José Manuel Ambrósio, penso que V. Ex.ª vai fazer uma proposta ao Sr. Deputado Rocha de Almeida, no sentido de ele ir à LISNAVE para saber o que é trabalhar dentro de um navio, o que é trabalhar nas docas. Talvez ele assim consiga falar de outra maneira e aprender a defender os trabalhadores e a classe operária. Aliás, já conhecemos, há muito tempo, a forma como ele defende os trabalhadores e a classe operária!...

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Deputado José Manuel Ambrósio, ontem o Sr. Ministro de Estado Almeida Santos disse, relativamente à minha intervenção, que ela tinha sido uma interpelação ao monopolista Melo. Hoje, o Sr. Deputado acorreu lesto a responder ...

Vozes do PCP: - Muito bem!

Aplausos do PCP.

Concorda ou não que a política deste Governo é precisamente a política da AD, mas mais reforçada, isto é, levada às últimas consequências, no sentido da política da restauração dos monopólios, como é exemplo a restauração do monopólio da família Melo, como se pode demonstrar por intervenções aqui feitas?

O Sr. Deputado fala na crise do petróleo, mas eu não disse que não havia uma crise do petróleo. No entanto, pergunto-lhe: é ou não verdade que 60 %

da frota dos petroleiros ainda passa pela nossa costa? É ou não verdade que a crise afectou fundamentalmente os grandes petroleiros? É ou não verdade que aumentou substancialmente a frota dos graneleiros?