Então, por que é que a LISNAVE não repara os graneleiros, como sempre fez até aqui, e recusa essas encomendas?

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Por que é que recusa as encomendas dos Jumboizings? Porquê essas recusas, se sempre foram feitas na LISNAVE? Por que é que essas encomendas são agora canceladas?

Sr. Deputado, então a nossa marinha mercante, a nossa marinha do comércio, a nossa marinha de pesca não precisam de navios? A construção dos navios não podia ser feita com a mão-de-obra existente na SETENAVE, na LISNAVE e noutros estaleiros? Esses navios não podiam ser aí construídos, quando nós gastamos, anualmente, milhões de contos em afretamentos?

Qual é, no concreto, a alternativa que tem para a LISNAVE? Concorda com a Navelink feita pelos Melos para «sacar» as divisas que deviam entrar em Portugal e que agora vão para a Suíça?

Aplausos do PCP.

Concorda com a constituição da Boliden que retira à LISNAVE o sector da desgazificação e limpeza? Penso que toda a gente sabe que 3 % das naftas eram retiradas dos navios e queimadas na SOPONATA. Neste momento, elas estão a ser enviadas para a Suécia a fim de serem queimadas na Noruega, e o protocolo diz que os suecos pagam em escudos. Como é que é, Sr. Deputado? Concorda com isto?

Concorda que a administração despeça 2000 trabalhadores? O que é que diz sobre os salários em atraso? Qual é a alternativa? Concorda com isso?

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: - Para responder, se assim o entender, tem a palavra o Sr. Deputado José Manuel Ambrósio.

e holandeses 42 % e os restantes 16 % estão divididos por pequenos accionistas, muito concretamente penso que pelos representantes no estrangeiro da empresa.

Com esta resposta, penso que está respondida a questão que coloca.

O Sr. José Manuel Maia Nunes de Almeida (PCP): Mas que fazer agora?

O Orador: - Sr. Deputado, era capaz de lhe responder mais profundamente se não estivéssemos neste debate; temos de controlar, de certo modo, o tempo. No entanto, não deixo de lhe responder. A sua pergunta sobre quais as alternativas para a LISNAVE - e eu insisto nessa questão que colocou -, seria uma grande veleidade da minha parte estar aqui a dizer-lhe qual a política a aplicar na LISNAVE. É que, quando se fala na LISNAVE, foca-se uma questão profundamente melindrosa, uma questão que requer uma reflexão. Não carece simplesmente de um «sim» ou de um «não», ou de esta ou aquela política que pode ser introduzida neste momento. Seria um erro crasso da minha parte estar a dizer-lhe quais as políticas que podiam ser introduzidas.

O Sr. José Manuel Maia Nunes de Almeida (PCP): - Dá-me licença que o interrompa?

O Orador: - Só um momento, Sr Deputado.

No entanto, quero dizer-lhe que a alternativa é a de estudar a situação de conjuntura que a LISNAVE neste momento apresenta, dentro de uma política que salvaguarde os interesses dos trabalhadores e da empresa, para encontrarmos as políticas que melhor sirvam estas duas componentes. 15so é que é importante, Sr. Deputado.

Estar a fazer demagogia, também penso que é irrealismo. Penso que não é assim que se vão resolver os problemas da empresa.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - É óbvio que o Partido Comunista, como oposição, tem «montes» de questões que pode agarrar e trazer a esta Câmara e não só, inclusive à opinião pública, com críticas candentes que são extremamente sentidas pelos trabalhadores. No entanto, isto nada tem a ver com a realidade efectiva da conjuntura actual.

Protestos do PCP.

Esta é que é a grande verdade.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Não é com as soluções que os senhores avançam que as questões se resolvem.