foram por vós escolhidas. E que são cada vez mais à direita aqueles que buscam a vossa companhia.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Dois exemplos: primeiro, a poucos meses das comemorações do X Aniversário do 25 de Abril assumem um enorme significado político as múltiplas recusas de participação na comissão organizadora governamental por parte de figuras das ma s destacadas da nossa vida intelectual e política. Porque a comissão que o Governo quis constituir era uma comissão onde os do 25 de Abril estavam para disfarçar o peso dos do 24 de Abril com quem o Governo está aliado!

Aplausos do PCP.

O segundo, e aqui mesmo são os apoios que o CDS prodigalizou ao Governo e as palmas com que o Sr. Primeiro-Ministro correspondeu ao CDS exprimem bem a clara deslocação do Governo para a direita ...! Com uma tão grande deslocação para a direita por parte do Governo, pergunto: e o CDS ainda hoje representa alguma coisa no País?

Risos do PCP.

Nas circunstâncias presentes, estes 2 dias da interpelação do PCP permitiram um importantíssimo esclarecimento.

Uma moção de censura poderia ser afastada pela maioria, que seria ainda por cima obrigada a fazer uma exibição de coesão e solidez. Poupamos esse esforço. A censura que está implícita nesta interpelação, partilhada por vastíssimos sectores da vida política e nacional, essa não pode ser rejeitada e vai continuar a agir sobre as fragilidades que minam o Governo e a coligação governamental.

Um sentimento comum à maior parte dos que assistiram a esta interpelação é sem dúvida o de que este governo não vai ter longa vida.

As grandes lutas populares, expressão do descontentamento, da resistência e da vontade de uma política alternativa estão em curso. As divisões internas que roem a coligação são evidentes já.

O Governo até entendeu por bem soprar a órgãos de comunicação social que se preparava para breve uma remodelação ministerial. Mas não tenha dúvidas, Sr. Primeiro-Ministro, que isso não dará mais vida ao Governo.

Sr. Primeiro-Ministro pode substituir nos seus cargos o Ministro da Agricultura, Florestas e Alimentação, o Ministro da Administração Interna, o Ministro da Educação e o Ministro do Equipamento Social. Mas o problema é fundamentalmente da política e não de quem a está a executar. É também o problema da falta de consonância entre a política que o Governo realiza e aquilo que o PS prometeu e se comprometeu com o eleitorado.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Por exemplo, a drástica redução do investimento e a redução da produção comprometem o futuro de Portugal. Com que mandato é que o

Sr. Primeiro-Ministro as vai realizar quando o PS prometeu, nas suas 100 medidas produzir mais para dever menos?

Há anos atrás o Sr. Primeiro-Ministro clamava contra o «socialismo da miséria». Depois meteu o socialismo na gaveta. Aparece-nos agora à frente de um governo que faz o capitalismo da miséria.

Aplausos do PCP.

O Governo e o Sr. Primeiro-Ministro querem convencer-nos e ao País - e para isso mobilizam toda a propaganda oficial - de que tudo se faz para bem de Portugal. Fizemos a prova de que assim não é, de que a política governamental é extremamente nefasta para Portugal e para os portugueses. Mas, Sr. Primeiro-Ministro, sempre e em todas as circunstâncias não haverá política para salvar Portugal contra os Portugueses.

Aplausos do PCP e do MDP/CDE.

O Sr. Presidente: - Tem agora a palavra, para fechar o debate, o Sr. Primeiro-Ministro.

Aplausos do PS, do PSD e da ASDI.

O Sr. Primeiro-Ministro (Mário Soares): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Cabe-me encerrar esta interpelação e faço-o com o respeito que devo à Assembleia e gostosamente.

A posição do Governo durante este debate contrasta, aliás, com a posição do partido interpelante.

O que é que se diria do Primeiro-Ministro ou do Sr. Ministro da Defesa ...

Vozes do PCP: - Esse não está cá! Risos.

O Orador: - O Sr. Ministro da Defesa está ao serviço de Portugal numa reunião da NATO no Canadá, por isso não está cá, ...

Vozes do PCP: - Se calhar está em Granada! Risos.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Sabemos que o Dr. Álvaro Cunhal é alérgico à Assembleia da República, ...

Aplausos do PS e do PSD.

... conhecemos da sua incapacidade para debater e para dialogar. Sabemos que tem um complexo de inferioridade em relação ao Parlamento ...

Risos do PCP.